Desde 1950, milhares de casos de pedofilia cometidos pela Igreja Católica foram investigados na França. De acordo com o chefe da comissão investigadora de abusos cometidos por membros da igreja, Jean-Marc Sauvé, foram cerca de 3,2 mil pedófilos identificados no país.
Ao todo, a França possui 115 mil padres entre outros clérigos registrados. Segundo o investigador, essa é uma estimativa mínima. O levantamento foi solicitado pela Igreja Católica francesa no ano de 2018 após uma onda de escândalos em diversos países pelo mundo.
Em entrevista ao jornal francês, Le Monde, Sauvé informou ter entregado nas mãos dos promotores todas as provas referentes aos 22 casos de um processo criminal que ainda tem peças que podem dar continuidade nas investigações e mantê-las em aberto por mais algum tempo.
Segundo o investigador, bispos e demais autoridades eclesiásticas foram notificadas sobre diversas acusações contra membros da Igreja Católica francesa que permanecem vivos. No geral, o relatório que possui mais de duas mil páginas reúne dados sobre médicos, historiadores, sociólogos e teólogos.
Para Christopher Lamb, da publicação católica The Tablet, os escândalos de abuso oriundos da Igreja Católica resultaram na maior crise dentro de 500 anos. Diante da amplitude dos escândalos, no mês de junho deste ano, o Papa Francisco alterou as leis da Igreja Católica com o propósito de criminalizar nítida e explicitamente os abusos sexuais que pudessem acontecer.
A mudança ocorreu por meio da reforma do Código de Direito Canônico em décadas. Perante o novo regimento, o abuso sexual, aliciamento de menores, posse de pornografia infantil e encobrimento de abusos são transforamos em crimes sob as leis do Vaticano.
Na época em que as denúncias em massa foram registradas contra a Igreja Católica francesa, a mesma ofereceu uma compensação financeira a milhares de menores vítimas de abusos sexuais cometidos pelos membros do clero desde a década de 1950. De acordo com a nota divulgada pela Conferência Episcopal:
“A Igreja quer assumir sua responsabilidade perante a sociedade, pedindo perdão por seus crimes e falhas”, anunciaram os bispos franceses em uma entrevista coletiva, explicando que essa “contribuição econômica” será financiada por um “fundo” especial determinado por um “organismo independente que se encarregará de examinar as solicitações”.
A comissão de investigação foi criada no ano de 2018 pelo episcopado francês após a repercussão de vários escândalos pelo país. Em parceria com o Ministério da Justiça, foi viabilizada uma linha telefônica no ano seguinte [2019] com o objetivo de receber testemunhos de vítimas por todo o país. A estimativa de vítimas de abuso sexual foi feita através desses relatos.
Em fevereiro, a Conferência de Bispos da França reuniu 120 representantes em reuniões que duraram três dias, com o propósito de debater a responsabilidade nos casos de pedofilia do passado. Em 2019, a Igreja Católica decidiu que iria indenizar financeiramente todas as vítimas de pedofilia na França, e que esta verba seria proveniente de doações.