O Ministério da Igualdade Racial do Brasil e o da Espanha divulgaram nesta terça-feira (23) uma nota conjunta com o objetivo de discorrer sobre os episódios de racismo contra o jogador Vinícius Junior, atleta brasileiro que atua no Real Madrid. O comunicado, que conta com parágrafos em português e espanhol, é assinado pelas ministras Anielle Franco, do Brasil, e Irene Montero, da Espanha.
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No texto, os dois ministérios declaram “solidariedade incondicional a Vinícius Júnior e também a todos os atletas, profissionais ou não, que vivenciam diariamente a violência racista no esporte.” “O esporte deve ser um reflexo dos valores de igualdade, respeito e diversidade que norteiam nossas sociedades e nele não há lugar para quem propaga mensagens de ódio, racismo, perseguição e intolerância”, afirmam as pastas na nota.
Em outro trecho, consta a informação de que ambos os ministérios assinaram, em abril deste ano, um memorando que tem como objetivo destacar o foco no combate à discriminação e na promoção da igualdade racial. “O referido acordo baseia-se no fato de que o racismo é estrutural em nossas sociedades e que eventos como o ocorrido em Valência não são eventos isolados, mas estão profundamente enraizados na sociedade”, diz o texto.
Não suficiente, consta no comunicado quais serão as atitudes tomadas pelos países para o enfrentamento ao tema. Confira:
- Na Espanha, a “futura Lei do Racismo”, proposta pelo Ministério da Igualdade do país europeu e ainda não implementada;
- No Brasil, a elaboração de um “programa nacional de combate ao racismo no esporte” pelos ministérios de Igualdade Racial, Esporte e Justiça.
“Os Estados signatários, por meio desta Comunicação Conjunta, insistem nesse compromisso compartilhado antirracista e feminista e na importância de realizar ações concretas e efetivas para promover a igualdade e o combate ao racismo como pilares essenciais para o desenvolvimento de ambos os países”, finaliza o comunicado.
No domingo (21), Vinícius Júnior foi mais uma vez vítima de ataques racistas durante um jogo do campeonato espanhol – na ocasião, ele foi chamado de “macaco” por parte dos torcedores que estravam no estádio Mestalla acompanhando o duelo entra Real Madrid e Valencia, válido pela 35ª rodada da competição. O caso causou comoção e repercussão em todo mundo, fazendo com que personalidades, sejam elas famosas, ou não, e também chefes de Estado, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), saíssem em defesa do atleta brasileiro, de apenas 22 anos.
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