Com o auxílio de técnicas de raio-x aplicadas sobre algumas cartas deixadas pela última rainha da França, Maria Antonieta, foi possível identificar alguns trechos que parecem revelar um suposto amante. Datadas de junho de 1791 a agosto de 1792, os manuscritos estão há séculos preservados nos arquivos nacionais franceses.
As cartas foram trocadas entre Maria Antonieta e o conde Axel von Fersen, da Suécia, durante a Revolução Francesa. De acordo com a análise feita por cientistas do Centro de Pesquisa e Conservação (CRC) da França, essas cartas podem ser consideradas como segredos de estado, plano de fuga ou evidências de um caso de amor real.
“Este conteúdo presumivelmente sensível tem confundido os historiadores por quase 150 anos”, afirmou o estudo. Vale mencionar que as apurações também especificam a maneira como o conde tentou esquematizar fracassadamente o contrabandeio da família real fora da França. Os possíveis amantes não eram tolos, motivo pelo qual adotaram técnicas que pudessem confundir qualquer pessoa que encontrasse essas cartas.
É o caso das escritas com letras aleatórias. Ao todo foram identificadas seções de 15 letras distintas, além de diferenças notáveis nas proporções entre cobre-ferro e zinco-ferro de tintas em oito delas. Diante das circunstâncias em que as cartas se encontravam devido aos maus-tratos provocados pelo tempo, foi preciso recorrer à espectroscopia de fluorescência de raios-x.
A técnica normalmente é utilizada para estabelecer a composição de elementos de um determinado material, bem como aquelas relacionadas ao processamento de dados com o propósito de revelar palavras ocultas como, “amado”, “terno amigo”, “adorar” e “loucamente”.
No entanto, nem tudo é o que parece. Confusões como essa são comuns passados tantas anos, pois algumas das cartas encontradas que se pensava terem sido de Maria Antonieta, na verdade eram cópias enviadas por von Fersen.
De acordo com o estudo, a prática era bastante comum na época, quando eram feitas cópias de cartas relevantes por motivos políticos. Foi possível notar que as cartas enviadas pelo conde possuíam proporções semelhantes de tinta, técnica que indica que foi ele o autor da censura das cartas entre ele e Maria Antonieta, “sugerindo que eram importantes para ele por motivos sentimentais ou políticos”, segundo o Centro de Pesquisa e Conservação.
Quem foi Maria Antonieta?
Maria Antonieta é famosa por ter sido a última rainha antes da Revolução Francesa. No mês de março de 1791, viu suas joias serem embrulhadas e guardadas em um baú de madeira e contrabandeadas para fora da França com destino a Viena por um funcionário da segurança real.
Tanto Maria Antonieta , arquiduquesa austríaca de nascimento, quanto o marido, Luís XVI, foram executados na guilhotina em outubro de 1793. O filho do casal morreu em cativeiro aos 10 anos de idade. Anos mais tarde, mais precisamente em novembro de 2018, um pingente de pérola e diamante da coleção particular da rainha foi a leilão, conseguindo arrecadar US$ 36 milhões, superando as expectativas e a própria avaliação que girava em torno de US$ 1 milhão a US$ 2 milhões.