O ministro Luís Roberto Barroso concedeu a devolução do passaporte de Carlos Wizard nessa sexta (02) e, depois disso, o empresário retornou aos Estados Unidos. O documento estava confiscado desde o último dia 28, mas não há previsão de nova convocação e Barroso entendeu que a retenção do documento não era mais necessária.
Após cumprir seu dever com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no último dia 30, Wizard saiu do país neste sábado (03). Em suas redes sociais, ele agradeceu às autoridades brasileiras por permitirem seu retorno e postou uma foto com o neto, dizendo que “o Senhor permitiu que eu retornasse aos EUA no dia do nascimento do Matteo, meu 19º neto”.
Wizard não apareceu no dia 17 de junho, quando teve seu depoimento marcado, e então Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, remarcou sua sessão para o último dia 30. Na ocasião, Wizard justificou sua ausência alegando que estava nos Estados Unidos e pediu para dar seu depoimento remotamente; entretanto, Aziz negou seu pedido, pois temia que isso atrapalhasse a investigação.
Os advogados de Wizard só justificaram sua ausência no último dia 21, quando pediram uma nova data. Por conta disso, o empresário teve o passaporte confiscado e corria o risco de sofrer uma condução coercitiva caso faltasse mais uma vez.
Carlos Wizard na CPI
No começo da CPI, o empresário bilionário era apenas uma testemunha, mas agora ele está sendo oficialmente investigado pela comissão. Wizard foi convocado para depôr quando Eduardo Pazuello, general e ex-ministro da Saúde, citou seu nome como membro do gabinete paralelo. “Quando fui chamado pra cá, o puxei, e pedi ajuda por ele ser um grande link entre o Ministério da Saúde e a compreensão da parte social, do público”, disse o ex-ministro na CPI. Antes disso tudo, o empresário já tinha admitido em uma entrevista que passou um mês em Brasília com Pazuello, em 2020.
A médica Nise Yamaguchi também o citou, dizendo que participou de um “conselho científico independente” com Wizard. Pazuello admitiu que ele mesmo chamou Wizard para o gabinete paralelo e para a secretaria do Ministério.
Sendo assim, Carlos Wizard deveria explicar à CPI qual era o seu papel junto ao governo no combate à pandemia; porém, por mais que o empresário realmente estivesse presente no dia 30, ele usou seu habeas corpus, concedido pelo Supremo Tribunal Federal, para não dar nenhum esclarecimento.
O não-depoimento de Wizard
Após fazer sua apresentação inicial, Wizard abusou do direito de ficar calado e se negou a responder às perguntas dos senadores. O senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI, destacou que os senadores poderiam fazer as indagações e que o direito de Wizard seria assegurado. Sendo assim, Wizard não respondeu ou respondeu de forma evasiva a maioria das perguntas. Mais informações podem ser conferidas no site do Senado Federal.
Como o empresário está sendo formalmente investigado pela CPI e não era obrigado a fornecer provas contra si mesmo, o próprio ministro Luís Roberto Barroso cedeu a ele o direito do silêncio. Por enquanto, seus advogados ainda tentam reverter a quebra de sigilo telefônico e bancário.