Segundo a equipe do Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do Ministério Público do Rio (MP-RJ), o Chefe de Gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes, recebeu o total de R$2,014 milhões em créditos provenientes de outros seis servidores do gabinete nomeados pelo próprio vereador, o filho “zero dois” do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.
Nesse sentido, o laboratório aponta que a movimentação financeira é a prova mais consistente da prática de “rachadinha” no gabinete de Carlos Bolsonaro. Além disso, o laudo também identificou que Jorge Luiz Fernandes utilizou suas contas pessoais para arcar com despesas de Carlos. Sendo assim, a prática seria um indício da participação do vereador no caso. Contudo, o MP-RJ ainda procura esclarecer o nível de envolvimento do filho do ex-presidente no esquema, buscando entender se o pagamento de contas do vereador ocorreu de forma regular ou apenas pontual.
Sendo assim, segundo os procuradores do caso, o laudo, por si só, já poderia ser considerado suficiente para imputar crime de peculato contra Fernandes, que trabalha com Carlos Bolsonaro desde 2001, embora só tenha assumido o cargo de Chefe de Gabinete do vereador em 2018. Inclusive, uma das depositantes dos créditos, Regina Célia, é esposa de Jorge Luiz Fernandes, que por sua vez é cunhado de Carlos Alberto Sobral Franco, que já foi lotado no gabinete de Jair Bolsonaro quando o ex-presidente ocupava o posto de deputado federal.
27 pessoas foram investigadas em laudo sobre “rachadinha” em gabinete de Carlos Bolsonaro
O Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do Ministério Público do Rio investigou um total de 27 pessoas e a investigação teve início em junho de 2019 com base em reportagem publicada pela revista “Época”, ao qual revelou que sete parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher do ex-presidente e sua madrasta, foram empregados no gabinete de Carlos, contudo, estes não compareciam ao trabalho.
Com isso, os promotores buscam apurar se os funcionários devolviam parte de seus salários ou até mesmo o valor integral para o vereador, o que configuraria a prática de “rachadinha”. Nesse sentido, quatro destes servidores chegaram a afirmar para a reportagem que não trabalhavam no gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara do Rio, ainda que tenham sido nomeados e tivessem seus salários em dia.
A investigação sobre “rachadinha” não é a única frente do Ministério Público do Rio de Janeiro para investigar Carlos Bolsonaro, dado que, na esfera cível, corre na 8ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital um procedimento que busca apurar improbidade administrativa devido aos mesmo motivos.
O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a ser informado de que “está se fechando o cerco” da investigação do MP-RJ contra Carlos e que um eventual pedido de seu filho não é descartado pelos seus colegas do PL. Nos bastidores, o ex-presidente vem confidenciando a pessoas mais próximas, preocupação com a situação, principalmente após a operação de busca e apreensão executada pela Polícia Federal em sua casa nesta última quarta-feira.