Noticiários de economia e candidatos políticos frequentemente afirmam que o trabalhador no Brasil paga muitos impostos. O mesmo serviria para os empresários, segundo eles. Contudo, estudos mostram que, na verdade, a carga tributária do Brasil não está entre as 10 maiores do mundo, mas apresenta graves problemas.
Por isso, hoje vamos falar sobre o pagamento de impostos no Brasil, comparar a carga tributária brasileira com outros países do mundo e o que dizem os economistas sobre isso. Vale lembrar que as informações são de estudos técnicos e não representam opiniões políticas.
Quanto você paga de impostos?
Segundo dados do último ano, a carga tributária do Brasil ficou em 31,58%. Isso quer dizer que 31,58% da sua renda vai, automaticamente, em impostos. Apesar disso, o Brasil ainda tem problemas quanto às formas de tributar, dado que as famílias de baixa renda pagam, percentualmente, mais impostos que as famílias de mais alta renda.
Em outras palavras, cada pessoa no Brasil trabalha cerca de 4 meses por ano para pagar imposto. Apenas os outros 8 meses são trabalhados para uma renda real. Mesmo que pareça muito, diversos países no planeta pagam bem mais impostos que os brasileiros. Na França, por exemplo, a carga tributária é de 46,1%. Na Dinamarca, o percentual é de 44,9%, quase o mesmo percentual da Bélgica, que é de 44,8%. Em um ranking de todos os impostos para o cidadão, o Brasil fica em 18° lugar, atrás de muitos países que são mais desenvolvidos. Dessa forma, especialistas dizem que a carga tributária não é o problema, mas sim a forma como os impostos incidem no dia a dia do Brasil.
Isso porque existem diversas formas de pagar impostos. Atualmente, o Brasil possui um sistema de impostos bastante complexo, o que dificulta a arrecadação do governo. Além disso, o maior imposto incide para todo mundo.
Qual o problema da carga tributária brasileira?
Dados da Receita Federal mostram que quase 50% de toda a tributação acontece sobre o consumo. Isso quer dizer que as famílias gastam, em média, 50% de todos os seus gastos em impostos. Na prática, é isso que gera uma grande desigualdade entre os brasileiros. Atualmente, o Congresso Nacional tem um processo de reforma tributária parado e fonte de polêmica entre economistas.
Suponhamos uma família que ganhe R$2.000 no mês. Se ela gastar tudo em produtos básicos, como aluguel, supermercado, conta de luz e água, entre outros, ela pagará, em média R$1.000 em impostos para o governo. Para uma família que ganha R$100.000, o valor da carga tributária é menor. Isso se explica porque os gastos com consumo não chegam a R$100.000. Digamos que a família gaste R$20.000 em supermercado, financiamento imobiliário e contas em geral. Na prática, ela pagará R$10.000 por mês em impostos. Com isso, percentualmente, a família de baixa renda paga 50% de impostos, enquanto a família de alta renda paga 10%. O cálculo é simplista e desconsidera diversos fatores, mas é um retrato aproximado da realidade.
Por conta disso, especialistas dizem que a carga tributária do Brasil não é alta, mas a forma como ela funciona gera desigualdades.