A caderneta de poupança atraiu uma parcela considerável dos brasileiros em 2020. Os investimentos na aplicação financeira mais tradicional do país registraram uma captação líquida de R$ 166,31 bilhões no ano passado. A saber, este é o melhor resultado anual já registrado desde o início da série histórica, em 1995. O Banco Central (BC) divulgou os dados nesta quinta-feira, dia 7.
Em resumo, captação líquida é o resultado da diferença entre depósitos e saques da poupança. Ou seja, em 2020, houve uma enxurrada de dinheiro investido, que superou em muito o montante retirado da aplicação financeira. Aliás, em 2019, a captação líquida (R$ 13,33 bilhões) ficou quase 12,5 vezes menor que o valor atingido no ano passado. Vale ressaltar que o antigo recorde foi alcançado em 2013, quando a diferença entre depósitos e saques ficou em R$ 71,05 bilhões. Ou seja, o novo recorde superou em 2,3 vezes o anterior.
De acordo com os dados disponibilizados pelos BC, houve apenas dois meses em 2020 que registraram captação líquida negativa: janeiro e fevereiro. No entanto, a partir de março, com a explosão da pandemia da Covid-19 no mundo, houve muito mais investimentos que retiradas. Em suma, o valor recorde de 2020 é o resultado da subtração dos depósitos (R$ 3,132 trilhões) pelos saques (R$ 2,965 trilhões).
A volatilidade do mercado financeiro em março e abril é um dos fatores que explicam a elevação nos depósitos da caderneta no início do ano. Dessa forma, os primeiros meses da pandemia atraíram investimentos por conta da segurança da caderneta, mesmo com um rendimento menor. No entanto, a recuperação da bolsa brasileira nos últimos meses, bem como o aumento da inflação neste ano reduziram a demanda pela caderneta. Contudo, apesar disso, os brasileiros não deixaram de realizar mais depósitos que saques.
Veja o percentual de investimentos na Poupança
Os investimentos na poupança continuam em alta, mesmo com os juros básicos mais baixos. O rendimento corresponde a 70% da Taxa Selic, que define os juros básicos da economia. Contudo, com as recentes reduções na Selic, o investimento vem rendendo menos que a inflação.
De acordo com o Banco Central, a aplicação rendeu 2,11% em 2020. Nesse mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) atingiu 4,23%. Em suma, este indicador é a prévia oficial da inflação.
Por fim, vale ressaltar que a fórmula atual permite um rendimento de 1,4% na poupança em 2021. Isso aconteceria caso a Taxa Selic se mantivesse em 2% ao ano. No entanto, o rendimento acumulado de investimentos tende a ser maior devido às reduções da taxa ao longo dos últimos meses, mas insuficientes para repor as perdas provocadas pela inflação.
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