O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, fez declarações nesta sexta-feira (27) sobre a situação crítica do Brasil em relação à geração de energia elétrica. De acordo com ele, a crise hídrica afetará toda a população, além de aumentar as preocupações do país com a inflação, que segue nas alturas.
Em um evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Campos Neto disse que “a crise [hídrica] nessa parte é a maior dos últimos 80 anos. Vai influenciar a todos e preocupa do ponto de vista da inflação”. “Na parte de alimentos, a gente começa a ver alguma estabilidade”, falou.
Em resumo, o Brasil enfrenta a maior crise hídrica dos últimos 91 anos. A situação dos reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste, responsáveis pela geração de 70% da energia do país, está crítica. Isso porque a capacidade de armazenamento destes reservatórios está em apenas 23%.
Embora o volume já esteja muito baixo, o nível deve cair ainda mais nos próximos meses, para 10% em novembro, segundo estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Caso isso ocorra, o volume dos reservatórios será o menor dos últimos 20 anos.
Vale ressaltar que o brasileiro já está pagando mais caro pela conta de energia. Desde julho, a bandeira vermelha patamar 2 está em aplicação no país. A saber, essa é a bandeira tarifária mais cara entre todas. E deve sofrer novo reajuste na próxima semana, ficando ainda mais elevada.
Campos Neto diz que energia ajuda a impulsionar inflação
No evento, Campos Neto também disse que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, segue “rodando bastante alto”. Segundo ele, a energia elétrica é um dos principais fatores para a elevação da inflação.
“Entendemos que parte do choques que tivemos recentemente são temporários e que vários foram feitos de forma consecutiva, o que desorganizou um pouco as expectativas”, explicou. Em suma, o BC já aumentou a taxa básica de juros, a Selic, quatro vezes seguidas. E a taxa continuará crescendo até o final do ano.
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