O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (8) que as expectativas com a inflação do país devem piorar nos próximos meses. Essa visão reflete uma verdadeira mudança no discurso do presidente do BC, que havia dito no início da semana que a inflação teria atingido seu pico em setembro. Pelo menos era isso o que ele acreditava.
De acordo com Campos Neto, há três fatores principais que estão impulsionando a taxa inflacionária não só no país, mas no mundo. O primeiro é o aumento interno dos preços dos combustíveis. Já os outros dois fatores são também externos: crise de energia e alta do petróleo.
“Quando olhamos para expectativas de inflação, novamente, o Brasil teve um grande salto. Isso provavelmente vai piorar com o anúncio de aumento nos preços da gasolina hoje. Quando se olha para outros países, os preços estão ficando mais altos a cada semana”, disse o presidente do BC.
A saber, a Petrobras anunciou nesta sexta que a gasolina ficará mais cara nas distribuidoras do país a partir de amanhã (9). O reajuste chega a 7,2% e corresponde a um aumento de R$ 0,20 no litro do combustível, que passará a custar R$ 2,98. Lembrando que os consumidores finais pagam bem mais caro pela gasolina.
Veja mais detalhes da mudança de discurso de Campos Neto
Além dos preços dos combustíveis, Campos Neto destacou que a energia vem ficando mais cara em todo o planeta, atingindo países emergentes e desenvolvidos. Nesse cenário, o Brasil sofre com os maiores reajustes, segundo ele.
“Quando olhamos para a inflação dos consumidores [como o IPCA], o Brasil está muito alto no gráfico. Há outros países próximos no gráfico, mas a tendência é subir ainda mais”, disse o presidente do BC.
Campos Neto também destacou que o BC elevou a taxa básica do Brasil, a Selic, cinco vezes apenas neste ano. Isso aconteceu, porque a Selic é o principal instrumento do BC para segurar as elevações da inflação, que está cada vez mais alta no país.
“O Brasil começou cedo na resposta monetária. Acho que vamos ver uma onda de países ajustando taxas de juros. Vários países pensaram que [a alta da inflação] seria temporária, mas [já] veem como mais persistente”, disse.
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