O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (3) que a crise hídrica do Brasil está impulsionando ainda mais a inflação. Aliás, o país já se encontra numa situação bastante complicada devido às constantes elevações na taxa inflacionária nos últimos tempos.
Nesse cenário, o Banco Central (BC) atua para tentar conter as altas da inflação. Para isso, o BC eleva a taxa básica de juros do país, a Selic, que funciona para desaquecer a economia. Como a Selic puxa consigo os juros do país, quanto mais alto ela ficar, mais altos os juros também ficarão. Assim, o BC atua para reduzir a chamada “inflação por demanda”.
No entanto, a elevação dos preços e produtos no Brasil não ocorre apenas por causa do aumento da demanda. Em resumo, os recentes aumentos nas contas de energia da população devido à crise hídrica impulsiona fortemente a taxa no país. E o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que o banco continua trabalhando para reduzir os reflexos da crise na inflação.
Brasileiros começam a pagar “bandeira tarifária escassez hídrica”
No último dia 31, o governo anunciou que a população começaria a pagar a “bandeira tarifária escassez hídrica” a partir de 1º de setembro. Em suma, essa nova bandeira adiciona R$ 14,20 às contas dos consumidores para cada 100 quilowatts/hora (kWh) consumidos.
“Obviamente, o reajuste da eletricidade, com os diversos reajustes de bandeira vermelha, e essa última bandeira da crise hídrica, realmente têm impactado bastante [a inflação]. A eletricidade tem o poder de disseminar na cadeia [de produtos e serviços] esse aumento. A gente tem olhado isso bastante de perto”, afirmou Campos Neto.
“Se a gente tem uma chuva mesmo um pouco abaixo da média, mas mesmo assim os reservatórios ficam acima de 10%, isso não implica em racionamento. O Brasil até diminuiu a dependência hídrica, mas é um problema bastante grave para a gente nos próximos meses”, explicou o presidente do BC.
Por fim, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou na véspera que não há como prever o futuro. A saber, ele foi questionado sobre racionamento compulsório de energia elétrica no país neste ano. Aliás, o ministro negava há poucos meses a possibilidade de racionamento de energia no país.
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