O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (4) que a inflação do país deve ter atingido seu pico em setembro. As declarações ocorreram em uma palestra na Associação Comercial de São Paulo.
“Nós entendemos que, em termos de inflação de 12 meses, setembro deve ser o pico. A gente ainda tem uma inflação alta em setembro”, disse. A saber, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 1,14% em setembro, maior variação desde 1994, época do início do Plano Real.
Com isso, o indicador passou a acumular alta de 7,02% em 2021 e de 10,05% em 12 meses encerrados em setembro. Ambos os níveis superam em muito o limite superior definido para a inflação neste ano (5,25%). Embora estejam muito elevados, ainda seguem abaixo das projeções de analistas, que acreditam numa inflação de 8,51% neste ano.
De acordo com Campos Neto, há duas razões principais que explicam essas variações expressivas. A primeira é o forte aumento dos preços dos alimentos entre 2020 e 2021. Ao mesmo tempo, a desvalorização do real ante o dólar piora ainda mais essa situação, segundo o presidente do BC.
Campos Neto também cita combustíveis
Além disso, Campos Neto também disse que o aumento dos preços dos combustíveis impulsiona ainda mais a inflação no país. Em resumo, o preço da gasolina continua subindo. No entanto, o presidente do BC afirmou que os valores seguem estáveis a nível internacional.
Segundo ele, a gasolina está mais cara devido ao etanol, que faz parte da mistura obrigatória do combustível. Ao mesmo tempo, os valores dos fretes não param de crescer no país. “O etanol subiu mais de 40% no ano e o frete subiu também”, disse. Veja mais sobre a alta da gasolina aqui.
Campos Neto ainda citou a questão energética, afirmando que a inflação em países mais desenvolvidos ocorre por diversas razões. “Por um lado, eu tenho mais demanda de bens, que geram mais demanda de energia. Por outro lado, eu tenho, de uma forma geral, os países querendo produzir menos energia, ou energia mais limpa interrompendo a produção de algumas fontes que não são tão limpas”, disse.
Esse cenário vem impulsionando a inflação, que sobe fortemente em alguns países, como o Brasil. Aliás, o país ainda está sofrendo com a crise hídrica e, consequentemente, a energética. Tudo isso faz a inflação subir aqui.
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