Após a Petrobras ter anunciado o aumento de 14,18% no preço do diesel, os caminhoneiros têm apontado para uma eventual greve geral. Essa “ameaça” relembra um passado não muito distante, mais precisamente 2018, quando os caminhoneiros pararam por 11 dias devido a mesma causa, o aumento no preço do diesel.
Como o Brasil tem sua logística essencialmente baseada no transporte rodoviário, o impacto da paralisação dos caminhoneiros foi enorme, onde as perdas não foram possíveis de serem recuperadas totalmente. Mediante às novas tensões, se faz necessário avaliar qual seria o impacto de uma nova greve, considerando que o cenário econômico atual é mais preocupante que o da época.
Greve dos caminhoneiros de 2018
A paralisação dos caminhoneiros atingiu 24 estados, gerando interrupção em fábricas, falta de combustíveis nos postos, além de ter disparado o preço de todos os combustíveis. Diversos alimentos ficaram em falta nos supermercados, e, devido ao não abastecimento dos postos, o transporte ficou comprometido, acarretando na impossibilidade de haver aulas e até mesmo de pessoas chegarem ao trabalho.
Com isso, houve perdas de R$15,9 bilhões para a economia brasileira. Na época, a projeção do crescimento para o PIB de 2018 era de 2,8%, contudo, com a greve, o Brasil acabou crescendo para 1,8%.
Com o aumento dos preços devido ao desabastecimento nos mais diferentes setores da economia, a inflação teve uma forte alta temporária. Estava projetada uma alta de 0,22% para junho, contudo, o resultado foi uma alta 1,26%. Contudo, a alta inflacionária foi parcialmente devolvida após este período. Em agosto, tivemos uma deflação de -0,09%.
Possibilidade de greve neste ano
Nesse sentido, a possibilidade de haver uma greve dos caminhoneiros ainda este ano acaba preocupando o governo e toda a população. Embora as perdas em 2018 tenham sido altas, ainda assim, a situação econômica era muito melhor, o que possibilitou ter recuperado boa parte dessas perdas.
No atual momento, uma greve dos caminhoneiros vai acentuar ainda mais a alta dos preços nos mais diversos produtos que os consumidores necessitam no dia a dia. O poder de compra dos brasileiros é ainda menor que há quatro anos atrás e, além disso, as empresas ainda estão buscando se recuperar dos impactos da pandemia.
Com uma projeção de crescimento de 1,7% para este ano, uma eventual greve por parte dos caminhoneiros já mostrou anteriormente que tem um alto impacto sobre a economia. Dito isso, é necessário que o governo federal tome as medidas necessárias que venham a atender as demandas por parte dos caminhoneiros.
Até o momento, a proposta de um voucher de R$400,00 foi rechaçada pela categoria, visto que não chega nem perto de metade dos gastos com combustível em uma viagem. Contudo, qualquer voucher aprovado para a categoria fica em cheque, caso o valor do diesel continue a aumentar. Devido a isso, caminhoneiros exigem que o Governo Federal interfira na política de preços estabelecida pela Petrobras como forma de conter a alta dos combustíveis, principalmente do diesel, utilizado pela categoria.