A oposição do senador Sérgio Moro (PR) ao governo Lula tem causado mal-estar no seu partido União Brasil, membro da base Aliada, representado na Esplanada dos Ministérios e responsável por três ministérios: Comunicações, Turismo e Integração e Desenvolvimento Regional.
Como resultado, a pressão sobre o ex-juiz, que decidiu prender Luiz Inácio Lula da Silva, em função da Operação Lava Jato, remonta ao então deputado federal Jair Bolsonaro, no governo Dilma Rousseff.
Entenda o caso
Na época, Bolsonaro fazia parte do Partido Progressista, aliado do governo do PT, que esteve no centro das revelações da Lava Jato iniciadas em março de 2014, que identificou o desvio de recursos da Petrobras.Bolsonaro, que nunca foi citado, aproveitou para se destacar na oposição e se firmar como uma imagem anticorrupção.
Nas eleições de 2014, em sua última disputa legislativa, conquistou mais de 460 mil votos, ergueu a bandeira da moralidade e praticamente deu início ao seu plano de conquistar a presidência da república.
Moro estaria indo no mesmo caminho?
É possível identificar semelhanças entre o caminho político de Bolsonaro e Moro. Após se tornar pré-candidato do Planalto em 2021, após ser afastado da candidatura por falta de apoio partidário, o ex-juiz busca agora consolidar sua posição como deputado com oposição ativa, seja por medidas práticas ou meramente retóricas.
Além disso, Luciano Bivar, presidente do partido, chegou a dizer que o ex-juiz poderia retirar-se “sem prejuízo” caso ficasse incomodado com a decisão do partido. Espera-se que os parlamentares demonstrem uma “lealdade partidária mínima” e os votos de Sérgio Moro sejam pautados conforme orientação partidária. No entanto, Bivar destacou que o senador “não será coagido por ninguém, mesmo que não esteja no governo”.
O que Sérgio Moro tem feito?
No início de seu mandato, sem capital político na Casa, Moro apresentou um projeto de lei contra a ação movida pelo governo Lula para representar o governo na luta contra o que o chamam de “desinformação sobre políticas públicas”.
Contudo, para o ex-juiz, “o termo ‘desinformação’ tem uma noção muito volátil e ideologicamente contornada”. Portanto, ele afirma que a acusação pode servir para caças às bruxas políticas.O termo “desinformação” foi discutido no decorrer do Projeto de Lei das Fake News, mas a proposta está paralisada na Câmara desde 2021 e o corpo jurídico não avançou.
Em sua defesa, Sérgio Moro afirmou que “somente a lei pode restringir o exercício da liberdade de expressão, como fez o legislador, por exemplo, ao criminalizar a calúnia, a difamação e a ameaça”.