Uma reportagem do portal “UOL” revelou neste sábado (09) que quatro assessores e três ex-assessores envolvidos diretamente na produção de vídeos do vereador do Rio de Janeiro Gabriel Monteiro (PL) teriam recebido, em forma de salários, pelo menos R$ 871 mil da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Isso, desde janeiro do ano passado, quando o youtuber e ex-agente da Polícia Militar (PM) assumiu o seu mandato.
Vereador Gabriel Monteiro é alvo de operação sobre vazamento de vídeo íntimo com menor
Segundo a reportagem, o uso de funcionários do Legislativo para fins privados é, inclusive, um dos focos de integrantes da Comissão de Ética. Esse grupo está analisando o caso do vereador, que pode acabar perdendo seu mandato por conta dessa e de outras denúncias, entre elas a de que ele manipulava seus vídeos na internet.
Ainda ao portal “UOL”, Fábio Neder, que é ex-funcionário do vereador, e Vinícius Hayden e Robson Coutinho, que ainda trabalham com o parlamentar, disseram que, de fato, produziam os vídeos em horário de expediente da Câmara – esses materiais eram publicadas nas redes sociais de Gabriel Monteiro.
A Câmara do Rio de Janeiro começou a divulgar a lista completa com os vencimentos dos funcionários da Casa apenas a partir de novembro, sendo que, de três em três meses, esses dados são apagados. Segundo o “UOL”, os valores revelados na matéria são o acumulado de todas as divulgações feitas até a agora.
Para se chegar ao valor de R$ 871 mil, foi necessário fazer uma conta considerando o tempo de atuação dos sete funcionários e ex-funcionários no gabinete de Gabriel Monteiro. Com os dados, constatou-se que Rick Dantas, assessor-chefe do gabinete do vereador é o que mais recebe.
Em fevereiro, por exemplo, ele recebeu R$ 23 mil líquidos, mais do que o próprio parlamentar, que recebeu cerca de R$ 14 mil. Segundo o “UOL”, apesar dos vencimentos pagos pela Câmara, Rick Dantas atuava como o coordenador dos vídeos publicados nas redes sociais do parlamentar.
De acordo com o videomaker Fábio Neder, que era um dos assessores que participava da produção, os trabalhos não tinham nenhuma relação com o mandato de vereador. “Era tudo voltado para o canal dele no Youtube”, contou.
Caso confirmadas, as acusações mostrarão um outro Gabriel Monteiro. Bem diferente daquele que, em março do ano passado, fez um discurso no plenário da Câmara dizendo que apresentaria um projeto de lei para reduzir pela metade os salários de todos os vereadores, prefeito, vice-prefeito e secretários municipais enquanto durasse a pandemia de covid-19 – o texto nunca foi apresentado.
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