A Caixa Econômica Federal passou a ser mais restritiva na oferta de crédito do Auxílio Brasil após o segundo turno das eleições. Desde novembro, o banco mudou a análise dos empréstimos consignados do programa de transferência de renda do governo, sendo basicamente restrita a clientes que possuem boa análise de risco.
Com isso, desde o mês passado, a Caixa vem liberando menos dinheiro nas concessões aos beneficiários do Auxílio Brasil. Se antes das eleições o comprometimento da renda era de 40% (teto definido pela lei que aprovou o consignado), agora passou a ser limitado a 20%.
De acordo com membros do Conselho de Administração da Caixa, o banco atingiu os limites orçamentários para este ano, sendo assim, foi necessário restringir as concessões de empréstimo em todas as linhas de créditos ofertadas pela instituição federal até o fim deste ano.
A Caixa diz que a concessão de crédito obedece a “critérios internos de governança, com base no contexto de mercado, no monitoramento de seus produtos e nas estratégias do banco” e que “todos esses critérios são avaliados tecnicamente e visam garantir a sustentabilidade e competitividade da instituição, o que faz da Caixa o maior banco brasileiro em crédito e número de clientes”.
Funcionários da Caixa Econômica defendem juros menores
Um documento elaborado por funcionários da Caixa Econômica Federal, entregue ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na última quarta-feira, 30 de novembro, propôs uma redução da taxa de juros do programa de crédito consignado do Auxílio Brasil. Atualmente, a taxa de juros para o consignado do Auxílio Brasil na Caixa é de 3,45%, enquanto o de aposentados e pensionistas do INSS é de até 2,14% ao mês.
“Uma das sugestões: reduzir a taxa de juros ao nível do menor consignado da Caixa para contratos já concedidos. Avaliar a estratégia de comunicação junto ao público beneficiário, na medida que o aumento de benefícios de R$400 para R$600 não será percebido pelo beneficiário em função do desconto da parcela do consignado”, diz o documento do Comitê Popular de Luta em Defesa da Caixa.
Além disso, o documento enviado ao presidente eleito relembra a importância que a Caixa tem no cumprimento de programas de distribuição de renda, seja ele de fomento à habitação, infraestrutura, saneamento, micro, pequenos e médios empresários e ao pequeno produtor rural.
O documento também propõe o retorno do Programa Minha Casa, Minha Vida, a implementação de Assistência Técnica em Desenvolvimento Urbano e Habitação de Interesse Social aos municípios e o desenvolvimento de estudos para novos modelos de negócio e também novas soluções em moradia, entre outros programas.
Marcia Kumer, funcionária aposentada pela Caixa Econômica Federal e coordenadora do grupo, disse que as ações relacionadas aos programas de políticas públicas da Caixa devem ser operacionalizadas de forma integrada. “O maior banco público da América Latina precisa ter inclusão bancária no mesmo sentido da inclusão social e isso demanda investimento em TI tanto quanto mudanças intencionais nos valores, cultura e no jeito de operar e servir à população”, afirmou.