O Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou, hoje, a compra da rede BIG pela rede Atacadão, que pertence ao Carrefour. Com isso, a empresa se tornará uma das principais varejistas do país. No pregão de hoje, 25, os papéis da empresa sobem mais de 3%.
Apesar da notícia, o CADE informou que, para realizar a operação de fato, a compra deve ser feita “mediante a adoção de remédio negociado com as empresas, que mitiga riscos concorrenciais decorrentes da operação”. A autorização vem quase um anos após o anúncio dos valores da transação pelo Carrefour.
Carrefour comprou o Big?
Em março do ano passado, a rede Atacadão, afiliada do Carrefour, anunciou a compra do Grupo Big Brasil por um valor de R$7,5 bilhões. Posteriormente, em julho, as empresas notificaram o CADE, que começou a analisar a compra. Hoje, o Conselho aprovou a compra, mas afirmou que as empresas precisar dar algumas contrapartidas, para evitar concentração de mercado no setor.
A entidade informou que, atualmente, Big e Carrefour competem em três mercados distintos: comércio varejista de autosserviço, atacado de distribuição de produtos primordialmente alimentícios e outros bens; e revenda de combustíveis no varejo. Na prática, o CADE se refere a redes de supermercados, às distribuidoras e atacadistas das empresas e também aos postos de combustíveis ligados às redes. Esses serviços fazem parte de cada uma das redes, que atuam na venda de produtos básicos, comércio de eletrônicos e demais produtos.
Apesar dessa concorrência, o CADE afirmou que, mesmo após a operação de compra, os setores mencionados não terão uma concentração relevante. Em outras palavras, os setores conseguirão manter a concorrência com outras redes. Atualmente, a lei não permite que uma empresa detenha mais de 80% de um mercado específico, com exceção das estatais.
CADE não descartou manipulação de mercado
Mesmo suprindo menos de 80% dos mercados envolvidos, o CADE analisou que após a transação de compra, a rede Atacadão pode manipular indevidamente os preços em algumas regiões. A lei proíbe essa prática e é um dos principais alvos do Conselho.
“Contudo, para uma pequena parcela dos envolvidos nesse setor, não foram verificados elementos suficientes para descartar a probabilidade de exercício de poder de mercado por parte das empresas envolvidas no negócio“, diz a nota da entidade. Para evitar concentração de mercado, o CADE também afirmou que negociou entre as partes, acordos para evitar a manipulação indevida de preços. “Assim, para mitigar os problemas concorrenciais identificados na análise do ato de concentração, a SG/Cade negociou com as partes um Acordo em Controle de Concentrações (ACC) por meio do qual estão previstos remédios estruturais e comportamentais“, completou a nota. Apesar disso, a nota não aponta quais medidas as empresas tomarão.
Dessa forma, a conclusão da compra do Grupo Big Brasil pelo Carrefour depende apenas de acordos entre as empresas. Com a autorização, especialistas esperam que a rede francesa aumente seu nome em todo o país, mas em algumas regiões não está descartada a manutenção do nome Big.