O levantamento do Indicador de Demanda dos Consumidores por Crédito, feito pela Serasa Experian, apontou que a busca por empréstimos no Brasil registrou a maior queda dos últimos 10 anos. Segundo a instituição, a retração na busca por crédito no mercado por parte de consumidores teve uma retração de 12,5% no primeiro semestre deste ano. Nesse sentido, as maiores queda até então havia sido registrada em 2020, com 8,1% e 2014 com 5,4%.
Segundo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, tal resultado não surpreende, visto que segue a tendência apresentada desde o início do ano. Para ele, a alta taxas de juros vem provocando uma diminuição pelo apetite a tomada de empréstimo por parte dos consumidores brasileiros.
“Se por um lado as altas taxas de juros diminuem o apetite por linhas de crédito, do outro temos os elevados índices de inadimplência, que representam um risco para os credores e reduzem as ofertas do recurso. O mercado de crédito brasileiro sofreu uma desaceleração condizente com o cenário econômico, mas que deve melhorar a partir do 2° semestre por conta da queda dos juros”.
Busca por empréstimos caiu para todas as faixas de renda
Uma informação indicada pela Serasa Experian é que a queda na busca não é restrita apenas uma parte da população. Ao analisar o recorte por renda mensal dos consumidores, todas as faixas apresentaram queda. No entanto, a queda na busca por empréstimo foi maior entre aqueles que recebem até R$1000. No recorte por estado, os consumidores do Amapá tiveram a maior retração pela busca de crédito, seguido por Rio de Janeiro, Alagoas, Rio Grande do Norte e Piauí.
O Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito é definido a partir de uma amostra de CPFs consultados mensalmente na base da Serasa. Com isso, a quantidade de CPFs consultados para transações que configuram uma relação de crédito entre instituições financeiras e consumidores é utilizada para cálculo. Por fim, o indicador é segmentado por região geográfica e por classe de rendimento.
Alta taxa de juros é apontada como vilã para queda na economia
Nesta semana, o Banco Central divulgou o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerada a prévia do Produto Interno Bruto (PIB). Nesse sentido, o índice apontou uma queda de 2% em maio em relação a abril, mostrando uma queda na atividade econômica do país. Na visão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) disse que a queda já era esperada, sendo reflexo da alta taxa de juros no Brasil.
“Precisamos ter muita cautela com o que pode acontecer se as taxas foram mantidas na casa de 10% o juro real ao ano. É muito pesado para a economia“, disse Haddad.
Atualmente, a taxa Selic encontra-se no patamar de 13,75% ao ano, sendo alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de seus ministros. Contudo, a expectativa é que ela seja reduzida a partir de agosto, momento em que ocorrerá a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM).