A pesquisa CREST, feita pelo Instituto Foodservice Brasil (IFB) em parceria com a Mosaiclab, apontou que os brasileiros gastaram, em 2022, R$216,2 bilhões com alimentação fora de casa. O valor representa um crescimento de 27,6% em comparação ao ano de 2021. Para efeito de comparação, somente no último trimestre do ano passado, foram gastos R$56 bilhões.
Tais números representam uma melhora no setor, dado que se aproximou dos níveis pré-pandemia. Comparando os números de 2022 com 2019, o resultado obtido é 1% maior que os níveis pré-pandemia com alimentação fora de casa. Segundo o responsável pela pesquisa IFB, Lucas Roberto, os números indicam recuperação para o setor de alimentação fora de casa, um dos mais “afetados pelas restrições impostas para conter o avanço da Covid-19“.
“O setor é altamente resiliente e vem comprovando que pode se ressignificar. Não haverá um retorno ao normal, mas sim novos comportamentos e novas expectativas, e os empresários estão se adaptando”, afirmou Lucas Roberto. Um outro dado relevante apontado pela pesquisa é que houve um aumento de 8% no valor gasto pelos consumidores, chegando ao ticket médio de 19,27.
Segundo o estudo, o aumento no valor é consequência de um maior fluxo de visitantes aos estabelecimentos físicos, que teve um aumento de 2% na mesma base de comparação. “Finais de semana também ampliaram seu espaço no foodservice, sinalizando que o consumo voltado para o cotidiano comum das pessoas tem como desafio não apenas a recuperação, mas também aos novos hábitos do consumidor”, informou a pesquisa.
Custo da alimentação vem desacelerando
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) divulgado ainda no início deste mês apontou que os alimentos tiveram um impacto bem menor sobre a inflação de fevereiro se comparados com os dados levantados para o mês de janeiro. O IPCA geral para o mês de fevereiro ficou em 0,84%, enquanto a de alimentos e bebidas ficou em 0,16%, menor que o valor de 0,59% em janeiro.
“Diferentemente do que foi visto ao longo do ano passado, a variação dos preços dos alimentos tem se mostrado benigna e tem ajudado a suavizar o movimento de alta esperado para o primeiro bimestre do ano”, analisou André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online. Ainda, de acordo com ele, “parte dessa desaceleração está associada à safra recorde de alimentos, mas uma variável explicativa relevante vem do movimento de correção de preços, que subiram de forma muito significativa no ano passado e agora estão convergindo para patamares mais saudáveis”.
A pesquisa também apontou que os itens que deixaram as maiores altas para alimentação no mês de fevereiro foram: cenoura (19,52%), mamão (12,25%), manga (10,46%), alface (8,36%), leite longa vida (4,62%), maçã (3,72%), ovo (2,25%) e arroz (1,91%). Alguns outros grupos tiveram queda, como a carne (-1,22%), batata-inglesa (-11,57%) e o tomate (-9,81%). “A despeito do recente comportamento dos preços, não podemos perder de vista a expectativa de aumento de preços da proteína animal, por causa da gripe aviária, que já provoca estragos em diversos países, inclusive na América do Sul”, disse Galhardo.