A globalização fez os países se integrarem cada vez mais. O sistema funciona através da interdependência das nações, que oferecem e recebem itens de todas as partes do mundo. E é justamente por isso que as crises tendem cada vez mais a serem globais.
Desde a decretação da pandemia da Covid-19 em março de 2020, os países vêm sofrendo para conseguir um pleno abastecimento de inúmeros setores. Em resumo, a crise sanitária afetou diversas atividade econômicas de maneira rápida e intensa. No entanto, a recuperação destas atividades não aconteceu na mesma velocidade.
Em 2021, a demanda voltou a crescer em diversas atividades. Como a produção estava afetada, a oferta não conseguiu cobrir a demanda, e os preços começaram a subir expressivamente. Aliás, o aumento contínuo e generalizado de bens e serviços é conhecido como inflação.
No Brasil, a taxa inflacionária anual chegou a 11,30% em março, maior índice para 12 meses desde outubro de 2003 (13,98%). Isso quer dizer que o custo de vida também está mais alto no país, ou seja, a população precisa pagar mais caro para adquirir bens ou contratar serviços.
Juros também estão nos dois dígitos
Para conter a alta da inflação, o Banco Central (BC) vem elevando a taxa básica de juro da economia brasileira, a Selic, desde o ano passado. Inclusive, na semana passada, o BC elevou a Selic para 12,75% ao ano, maior percentual desde fevereiro de 2017.
Em suma, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a inflação no Brasil. Isso acontece porque, quando os juros básicos do país sobem, puxam consigo os demais juros. Assim, uma Selic mais alta reduz o poder de compra do consumidor e desaquece a economia.
Como a população precisa gastar mais, a quantidade de itens adquiridos diminui. Dessa forma, há uma redução da “inflação por demanda”, pois a oferta acaba suprindo a busca, uma vez que esta fica enfraquecida.
O problema é que juros altos afetam diretamente o crescimento econômico. Como as pessoas compram menos, diversas atividades sofrem para se manter em funcionamento. E um dos primeiros cortes que acontece é em relação aos trabalhadores.
Taxa de desemprego está em 11,1%
No primeiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego ficou em 11,1%, atingindo 11,9 milhões de pessoas. Esse percentual é bastante elevado, apesar de estar longe do recorde registrado no primeiro trimestre de 2021 (14,7% ou 14,8 milhões de pessoas).
A saber, a taxa de desemprego está nos dois dígitos desde o final de 2015. Em síntese, quanto maior o número de desempregados no país, mais difíceis as condições de fortalecer a economia. Ao mesmo tempo, quanto menor o poder de compra da população, mais enfraquecida fica a economia.
Em outras palavras, a inflação elevada pressiona os juros, que desaquecem a economia. Por sua vez, o desemprego contribui para dados econômicos mais fracos, enquanto esses dados não permitem o aumento da contratação. É um verdadeiro ciclo que vem afligindo o Brasil nos últimos tempos.
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