O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu uma declaração morna que não condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia e reiterou sua neutralidade no conflito. “O Brasil não vai contribuir para bater os tambores da guerra”, disse Adriano Pucci, diretor de comunicação do ministério.
“Quanto mais a situação se degrada, mais motivos há para o diálogo”, afirmou Pucci.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, recentemente desprezou as súplicas dos EUA para não visitar Putin em Moscou antes da invasão e irritou os aliados ocidentais ao dizer que ele era “solidário com a Rússia”, sem dar mais detalhes.
O que diz o relatório brasileiro?
O relatório questionou se a diplomacia brasileira estava preocupada com o fato de o Brasil, junto com Honduras e Bolívia, ser um dos poucos países latino-americanos a fazer uma declaração sobre a agressão russa sem condenar Moscou.
Venezuela, Nicarágua e Cuba, mais intimamente associados à Rússia do que qualquer outro país da região, apoiam a Rússia. “Não se trata de estar do lado da maioria, mas de estar certo a longo prazo”, respondeu Pucci.
O funcionário disse ainda que a postura descompromissada do Brasil se deve ao seu processo de adesão à OCDE, um clube de países ricos. A maioria dos membros da organização, no entanto, tinha palavras mais incisivas a dizer sobre o presidente russo, Vladimir Putin.
Cidadãos brasileiros na Ucrânia
A embaixada brasileira na Ucrânia permaneceu aberta e anunciou que tomará medidas nos próximos dias para ajudar a evacuar cidadãos brasileiros ainda no país. Somente hoje, após o início da invasão, a embaixada aconselhou 500 brasileiros a deixar a Ucrânia. O governo não sabe quantas pessoas permanecem no país.
Espera-se que o Ministério das Relações Exteriores organize uma partida por terra, mas nenhuma data específica foi definida. O embaixador brasileiro, Leonardo Gorgulho, disse que estão em andamento negociações para criar um corredor humanitário para civis que fogem de zonas de conflito.
A embaixada brasileira começou a recadastrar residentes ucranianos no início da crise com a Rússia, até agora a lista tem cerca de 160 nomes. A maioria vive em Kiev ou Odessa e são atletas, profissionais de TI, missionários religiosos, estudantes e autônomos.
O que diz Bolsonaro?
Questionado por repórteres se condenaria as ações de Putin, Bolsonaro disse que esperaria o relatório final, ou veria como a situação é resolvida, antes de comentar. O presente acrescentou que se opõe a quaisquer sanções que possam afetar negativamente o Brasil, citando os fertilizantes russos como vitais para os gigantes do agronegócio do país.
Bolsonaro também disse que não achava que o exército de Putin realizasse qualquer derramamento de sangue em massa na Ucrânia. “Um chefe de Estado como o da Rússia não quer realizar um massacre em nenhum lugar”, disse ele, acrescentando que em duas regiões do sul da Ucrânia, cerca de 90% da população quer “se aproximar da Rússia”.
Em referência ao líder ucraniano Volodymyr Zelenskiy, Bolsonaro disse que os ucranianos “colocaram a esperança de sua nação nas mãos de um comediante”.