Por falta de verba, anunciou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na quinta-feira (07), o Brasil ficará sem referências sobre os dados de desmatamento no Cerrado a partir de abril. De acordo com o órgão, a escassez de recursos fez com que a equipe de pesquisadores focados no monitoramento do bioma fosse desmontada e, com isso, os dados devem ser mantidos somente até o quarto mês deste ano.
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Em nota, o instituto, além de relatar que, depois disso, o projeto vai ser descontinuado, explicou que o monitoramento é essencial para a tomada de ações que visam a preservação do bioma.“É um projeto importante para acompanhar a questão hídrica, a agricultura”, ressaltou.
Ainda segundo o órgão, o projeto é de baixo custo se comparado ao valor que esses dados têm para o mercado. “Apesar disso, não temos investimento”, afirma o Inpe, detalhando ainda que a verba que mantinha a equipe de monitoramento do Cerrado se encerrou no último dia de dezembro e o instituto não tem mais dinheiro para a continuidade do programa. “Para manter a equipe e o projeto de pé seriam necessários R$ 2,5 milhões ao ano”, detalha.
Desmatamento aumentando
O monitoramento vai parar no Cerrado, diferentemente do desmatamento, que vem registrando seguidas altas. Prova disso é que o balanço mais recente divulgado pelo Inpe, publicado em dezembro, mostrou que a destruição no Cerrado aumentou 7,9% entre agosto de 2020 e julho de 2021, alcançando a marca de 8.531 km². Para se ter uma ideia, essa extensão corresponde a cinco vezes a cidade de São Paulo.
A importância do Cerrado
Segundo o Inpe, o Cerrado é importante porque concentra oito nascentes das 12 bacias fundamentais para o consumo de água e geração de energia no país. “É um bioma importante para a distribuição de água no Brasil. Por ter o solo mais alto, absorve a umidade e leva água para 8 das 12 bacias importantes para o consumo de água e geração de energia no país”, relata o instituto.
Por fim, o Inpe afirma que tenta novas verbas com a sugestão de um novo projeto de monitoramento de biomas brasileiros, o que incluiria o Cerrado. “A proposta seria financiada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), mas ainda não há retorno sobre a aprovação”, informou.
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