O Brasil é o quarto maior produtor e exportador de carne suína do mercado mundial e tem todas as condições para melhorar ainda mais esse ranking. Essa afirmação é demonstrada através do resultado dois anos anteriores (2020 e 2021), quando a produção aumentou 18% (4,7 milhões de toneladas contra 3.983 toneladas) e as exportações aumentaram 50,6% (1,13 milhão de toneladas contra 750.000 toneladas).
Sendo assim, podemos destacar várias as razões para esse sucesso, com a forte competência técnica e de produção, área, clima agradável, grande quantidade de alimentos, excelentes condições sanitárias e um sector de produção organizado. Em contrapartida, o Brasil enfrenta obstáculos, como altos custos logísticos, ineficiência, burocracia pesada, instabilidade econômica e política de tempos em tempos.
Carne suína no Brasil
A utilização de carne suína é uma tradição secular no Brasil, trazida pelos colonizadores portugueses há centenas de anos. No início de 1900, outros produtores começaram a surgir, com ondas de imigrantes da Alemanha, Itália e Polônia, principalmente nas regiões sul e sudeste.
A suinocultura brasileira concentra-se principalmente na região Sul (70,9%), Santa Catarina (30,7%), Paraná (21,1%) e Rio Grande do Sul (19,1%). A área também é reconhecida pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) como livre de peste suína clássica (PSC) e a febre aftosa (FMD).
Além disso, outros 13 estados têm status de “LCR livre de vacinação e febre aftosa”, respondendo por cerca de 95% da produção suína do Brasil. Importante destacar que, outros estados também estão se esforçando para obter o mais alto reconhecimento na OIE o mais rápido possível.
Exportação de carne suína
O Brasil realizou o embarque de carne suína para mais de 100 países em todos os continentes em 2021. Ainda assim, o mercado é bastante dependente de um punhado países, com a China, Chile, Vietnã, Argentina e Filipinas, respondendo por 70% do total.
A China, principal destino das exportações, comprou 533,7 mil toneladas no ano passado, um aumento de 3,9% em relação a 2020 e muito superior a outros países. Desse modo, o mercado chinês sozinho responde atualmente por quase metade (47,2%) de toda exportação brasileira de carne suína.
Modelo cooperativo
Um dos pontos positivos no mercado de carne suína no Brasil é o seu modelo de negócios. Trata-se de um “modelo integrado”, onde empresas como Seara ou BRF empregam pequenos e médios produtores, proporcionando-lhes um conjunto de tecnologias, previsibilidade de preços e demanda permanente em troca de exclusividade.
Desse modo, o modelo cooperativo permite que os produtores gerem escala e gerenciem coletivamente o negócio individualmente. Por exemplo, Aurora, C.Vale, Suinco e muitas outras estão se tornando grandes players nos mercados interno e externo.
Além disso, há os criadores de porcos independentes, um modelo em declínio devido a vários fatores como tamanho, mudanças de mercado e merchandising, com exceção de marcas regionais ou produtos premium.
Como resultado desse modelo vencedor, os brasileiros estão demonstrando um interesse maior pela carne suína. O consumo per capita tem aumentado quase continuamente desde 2010, atingindo 16,8 kg em 2021, 19,1% superior a 2010, e atualmente, possui 77% da produção vendida para o mercado interno.