Em suas redes sociais, Guilherme Boulos acusa milícia digital de, mais uma vez, espalhar fake news contra ele. Dessa vez, parece que o candidato do Psol sofreu uma alteração ilegal em seu cadastro do SUS. Segundo ele, o nome de seu pai, o infectologista Marcos Boulos, foi trocado por “Kid Bengala” em seu registro.
“Não é um caso isolado. É um absurdo que tenha ocorrido alteração de dados de cadastro do SUS de lideranças de oposição. O que leva à dúvida se isso é um hackeamento independente ou se são bolsonaristas que tomaram a máquina pública de assalto”, afirmou Boulos.
O coordenador do MSTS não foi o único a sofrer esse ataque: a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, precisou provar na justiça que estava viva; do contrário, ela não poderia concluir a vacinação contra covid-19. “Ressuscitei no cadastro do SUS. Quero agradecer o empenho e atenção do pessoal do Centro de Saúde n° 5, Lago Sul, em Brasília, que se dedicou para corrigir. Vamos cobrar e acompanhar as investigações do Ministério da Saúde”, tuitou Gleisi Hoffmann no dia 15, dois dias após o caso se tornar público.
Embora tenha partido de Boulos a acusação contra as milícias virtuais, parece que Lula, Dima Rousseff (PT) e a ex-deputada federal Manuela d’Ávila também podem ter sido vítimas das alterações ilegais. Os casos ainda estão passando pela justiça, e Boulos ainda disse que “o bolsonarismo está se infiltrando de uma maneira miliciana em todos os âmbitos da administração pública. Está colocando as garras das milícias digitais, do Gabinete do Ódio, no SUS, patrimônio do povo brasileiro”.
As fake news da milícia digital
Não é a primeira vez que a chamada “milícia digital”, majoritariamente formada por aliados do governo Bolsonaro, espalha notícias falsas ou causa problemas para a oposição.
Entretanto, um dos maiores problemas é que as redes sociais comprovadamente colaboram para a propagação de fake news; é por esse motivo que até a CPI pediu esclarecimentos aos seus representantes. Por exemplo, os dados do Facebook podem ajudar a atingir eleitores em potencial com propaganda traiçoeira transvestida de notícia. Tal fenômeno que aconteceu não apenas nas eleições estadunidense que colocaram Trump no poder, mas também nas últimas eleições brasileiras.
Existem análises pelo mundo inteiro que falam com propriedade que as fake news espalhadas pelo WhatsApp foram decisivas para a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, e essa conclusão foi divulgada em mídias internacionais sérias e confiáveis, como o jornal britânico The Guardian. Executivos do WhatsApp reconheceram recentemente que contas brasileiras foram alvo de operações massivas de spam por agências de marketing digital antes da eleição, em violação dos termos e condições do aplicativo.
Alguns sites médicos, como a Sanarmed, estão tentando desmentir o que podem das fake news da milícia digital.
Em uma de suas explicações, a Sanarmed diz: “está circulando nas redes sociais uma postagem que sugere que as variantes do SARS-CoV-2 não existem e que as nomenclaturas são criadas aleatoriamente por governos. (…) Na verdade, todos os vírus sofrem modificações genéticas com o tempo, e com o causador da COVID-19 não é diferente”.