Em uma entrevista concedida na última sexta-feira (3) no podcast de Charlie Kirk, o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) afirmou que pretende voltar ao Brasil “nas próximas semanas”. Ele também disse que irá realizar uma “oposição responsável” contra o governo do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Eu pretendo, nas próximas semanas, retornar e fazer uma oposição responsável contra o atual governo”, afirmou o ex-presidente em uma parte da entrevista, que foi divulgada nas redes sociais. Bolsonaro também participou de um evento promovido pelo hoster do podcast no mesmo dia, nos Estados Unidos, onde se encontra desde 30 de dezembro.
“Tenho que continuar na política. É aquilo na qual me descobri, um pouco tarde, talvez. Mas por ausência de lideranças de direita no Brasil, eu me vejo na obrigação de coordenar essas novas lideranças que têm surgido para que o Brasil não mergulhe de vez no socialismo ou no comunismo”, disse.
Ainda, de acordo com o ex-presidente, sua eleição em 2018 transformou o movimento conservador no país. “O Brasil não tinha direita. Eu consegui juntar esse povo todo, falar dos valores e da importância deles para o futuro do Brasil. É uma massa mui grande que fará a diferença em eleições futuras”, afirmou.
O apresentador do podcast é apoiador de Donald Trump, sendo um dos principais propagadores de uma teoria da conspiração sobre uma suposta fraude nas últimas eleições presidenciais americanas. Kirk também apoiou as manifestações que resultaram na invasão do Capitólio em 6 de janeiro 2021, além de ter promovido, em suas redes sociais, informações falsas sobre a vacinação da Covid-19.
Bolsonaro explica o motivo de afastamento
Durante a entrevista concedida ao podcast de Charlie Kirk, Bolsonaro afirmou que está sendo bem recebido nos Estados Unidos, “em especial pela população brasileira”. Além disso, o ex-presidente explicou o motivo pelo qual foi ao país e tem ficado lá desde então.
“A minha intenção de vir para cá e ficar afastado do início do governo que assumiu agora. Eu sabia que seria bastante conturbado e eu não queria ser acusado de colaborar com uma forma desastrada de começar aquele governo”, disse Bolsonaro. É importante lembrar que o ex-presidente está sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República no inquérito que apura a “instigação e autoria intelectual” dos golpistas ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro.
Além disso, na semana passada, o senador Marcos do Val (Podemos-ES), acusou Jair Bolsonaro de um plano que tinha como intuito tentar um golpe de estado no Brasil. De acordo com Marcos, o objetivo era gravar diálogos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes e teria apoio do próprio senador, do ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
O plano converge com a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Alexandre Torres, em uma operação de busca e apreensão em sua casa. A versão também acabou ganhando corpo após o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmar que cada apoiador no entorno do ex-presidente possuía uma “minuta do golpe”. No entanto, em depoimento à PF, Valdemar disse que usou uma metáfora ao proferir tal declaração.