Durante live, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), voltou a se posicionar como alguém que é contra o chamado “orçamento secreto”. De acordo com Bolsonaro, ele tentou vetar o instrumento ainda em 2020, contudo, foi derrotado pelo parlamento. “Derrubou o veto, eu não posso fazer mais nada, é lei, ponto final. Ele também disse preferir que a verba do orçamento secreto estivesse em suas mãos.
“Eu não queria que orçamento dito secreto. Não é secreto porque é publicado no Diário Oficial da União. O que é secreto é o relator que manda o recurso para lá. Eu preferia R$19 bilhões comigo, eu não ia abrir mão de poder”, disse Bolsonaro, durante live. Além disso, o presidente disse que tenta colocar em sua conta os problemas relacionados ao orçamento secreto.
“Nós não temos acesso ao nome dos parlamentares que destinam recursos pelo Brasil. Chega no respectivo ministério, ‘é para o programa tal’, o ministro executa e ponto final. Se dá um problema na ponta da linha, como deu hoje pelo que estou sabendo, estão botando na minha conta. Eu quero saber qual parlamentar que mandou recurso para lá. Quem tem que dizer isso? É o relator do orçamento”, afirmou Bolsonaro.
PF inicia operação que pode ter relacionamento com orçamento secreto
Nesta sexta-feira (14), foram presos os primeiros investigados por crimes relacionados ao orçamento secreto. Roberto e Renato Rodrigues de Lima são suspeitos de atuar em uma grande rede criminosa que envolve o Sistema Único de Saúde (SUS) em municípios do Maranhão.
Segundo informações da investigação, o esquema funcionava da seguinte maneira: as prefeituras registravam atendimentos médios, bem como consultas que nunca existiram e, com isso, enchiam o caixa da cidade com dinheiro de emendas parlamentares do chamado orçamento secreto.
Esta primeira etapa da operação aconteceu na cidade de Igarapé Grande. Somente nesta cidade, de aproximadamente 12 mil habitantes, o esquema de desvio de verbas teria movimentado ao menos R$7 milhões das emendas vindas do orçamento secreto. A cidade de Igarapé tem como prefeito Erlânio Xavier, presidente da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão, que é também aliado do senador Weverton Rocha, ambos do PDT.
Um dos presos, Roberto Rodrigues de Lima, aparece como solicitante de R$69 milhões de reais em emendas de relator-geral do orçamento para municípios do Maranhão somente no ano de 2022.
A operação foi intitulada pela Polícia Federal como Quebra Ossos como referência a um dos tipos de exames fantasmas realizados pela prefeitura de Igarapé Grande, as radiografias de dedo de mão. Somente em 2020, o município realizou 12,7 mil exames de radiografia, o quarto maior número entre todos os municípios brasileiros, estando atrás somente de São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte.
Dessa forma, a oposição já vem tentando emplacar o termo “bolsolão” para se referir ao orçamento secreto. A palavra chegou a parar nos “trending topics” do Twitter. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), chegou a chamar o “bolsolão” de “maior esquema de corrupção da história” em seu Twitter.
Alguns outros influencers, como Felipe Neto, também chegaram a postar tweets com o termo, bem como outros políticos, pesquisadores e personalidades que estão nas redes sociais.