O presidente Jair Bolsonaro pediu ao Exército Brasileiro que deixasse sua filha, Laura Bolsonaro, ingressar no colégio militar sem passar pelo processo seletivo. A situação ainda está sendo analisada, mas, segundo o Exército, ‘esse tipo de pedido excepcional está previsto no regulamento dos Colégios Militares’.
“A solicitação vai passar por análise do comandante da força, Paulo Sérgio de Oliveira”, disse o Exército nesta sexta-feira (27). Escola é gratuita e tem 15 vagas para 6º ano do ensino fundamental, série que Laura, aos 10 anos de idade, estaria apta a frequentar.
Segundo as fontes, foi apresentado um requerimento de matrícula em caráter excepcional na unidade de ensino em nome de Laura. Agora, o pedido está sob avaliação do Decex. Em seguida, ele seguirá para o comandante do Exército, que emitirá um parecer sobre o assunto.
Essa não é a primeira vez que políticos pedem autorização especial para matrícula de filhos no Colégio Militar de Brasília. Em 2019, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) conseguiu matricular o filho na unidade de ensino sem que ele passasse pelo processo seletivo. Na ocasião, ela explicou que queria o filho em uma escola militar por ter sofrido ameaças. A parlamentar disse ainda que ele “fez os testes necessários” para ser admitido.
O processo seletivo do Colégio Militar
De acordo com o edital do concurso de admissão para o Colégio Militar de Brasília, para a admissão na escola o aluno passa por três etapas:
- Exame intelectual
- Revisão médica
- Comprovação dos requisitos biográficos (apresentação de documentação)
Todas as etapas são eliminatórias. As inscrições na unidade de ensino começaram no dia 18 de agosto e vão até 24 de setembro. O concurso de ingresso no Colégio Militar de Brasília é realizado anualmente, exclusivamente por meio de processo seletivo para o 6° ano do ensino fundamental e para o 1° ano do ensino médio. O número de vagas é determinado a cada ano.
Os militares na Política
Recentemente, os oficiais do Clube Militar, o Clube Naval e o Clube de Aeronáutica lançaram um comunicado oficial a favor do voto impresso. Militares da reserva das Forças Armadas estão ao lado de Jair Bolsonaro no impasse que gerou confrontos com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e com o Supremo Tribunal Eleitoral (STF).
Na nota oficial, os militares reforçaram os argumentos falaciosos que o presidente defendeu em sua live na última quinta-feira (29). Dentre as declarações, os oficiais escreveram que “digitais da NASA, do Pentágono, de partidos políticos americanos e de grandes empresas privadas, mesmo protegidos por sistemas de segurança (CyberSecurity) up to date, já foram invadidos (…) Diante destas inquestionáveis evidências, seriam as urnas eletrônicas brasileiras realmente inexpugnáveis?”.
O texto ainda cita a PEC 135/2019, que transita no Congresso e defende as mudanças no sistema eleitoral brasileiro. A avaliação dentro do Legislativo é que a mudança tem poucas chances de ser aprovada no atual momento.
Além disso, os militares defenderam o voto impresso enquanto atacavam o TSE, alegando que o Tribunal “prega a dependência absoluta do software, ao afirmar que um aumento da interferência humana ocasionaria erros que abririam brechas para a judicialização do processo eleitoral. Obviamente, nenhum sistema está totalmente a salvo da maldade dos homens. Mas seria a aceitação passiva dos resultados da urna eletrônica mais aconselhável, a fim de evitar questionamentos válidos, no melhor estilo “Cale-se, eu sei o que é melhor para você? Eis a verdadeira ditadura”.