Nesta última quinta-feira (28), Jair Bolsonaro (PL), atual Presidente da República, realizou ironias em relação ao manifesto pela democracia que vem sendo assinado por diversos setores econômicos e políticos do país. Bolsonaro fez publicações nas redes sociais reclamando do assunto, incluindo seu próprio manifesto, um dia após dizer que não precisava de “cartinha”.
“Carta de manifesto em favor da democracia. Por meio deste, manifesto que sou a favor da democracia. Assinado: Jair Messias Bolsonaro, presidente da República Federativa do Brasil”, diz o tweet do presidente.
Em seguida, Bolsonaro fez um novo tweet. “Se eu defender menos transparência nas eleições, financiar ditaduras comunistas na América Latina, manter diálogos cabulosos com o narcotráfico e tentar controlar a mídia, serei chamado de democrata? Ou na verdade isso não depende do que se diz, mas de que lado você está?” disse.
Nesse sentido, nos últimos dias, banqueiros, empresários e políticos vem assinando um manifesto em defesa da democracia, organizado pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), publicado na última terça-feira. Até o momento, mais de 300 mil pessoas assinaram a carta.
Embora a carta em defesa da democracia não cite Bolsonaro, é um dos documentos mais fortes publicados contra o Presidente da República, dado que conta com entidades importantes dos mais diversos setores da economia, dado que contém empresários, artistas, advogados, integrantes da magistratura e do Ministério Público.
Carta da USP
A carta da Faculdade de Direito da USP será lida no próximo dia 11 de agosto pelo ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Celso de Mello, em evento no Pátio das Arcadas do Largo de São Francisco.
O manifesto da USP defende os tribunais superiores, as eleições e a democracia, representando uma resposta forte contra as ameaças de Bolsonaro em relação à democracia brasileira e às urnas eletrônicas.
Por outro lado, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e mais outros 20 homólogos também assinaram a “Declaração de Brasília”, que cita, valores e princípios democráticos e se compromete com a promoção da paz, preocupação com fluxos migratórios, com a preservação do meio ambiente, discussão da área de ciberdefesa e ciberespaço, contenção da pandemia, etc.
“Não precisamos de cartinha”, diz Bolsonaro
Durante a convenção do PP, o chefe do Executivo realizou críticas ao manifesto. “Vivemos num país democrático, defendemos a democracia, não precisamos de nenhuma cartinha para dizer que defendemos a democracia”, disse Bolsonaro.
“Dizer que queremos cumprir e respeitar a Constituição, não precisamos então de apoio ou sinalização de quem quer que seja para mostrar que nosso caminho é a democracia, a liberdade, respeito à Constituição”, completou. Durante o evento, Bolsonaro também não afirmou se entregaria a faixa presidencial a outro político em caso de derrota nas eleições deste ano.
Com isso, ao participar da convenção do PP, Bolsonaro, filiado ao PL, sela sua candidatura pela Presidência da República, contando com o apoio de seu antigo partido, o qual fez parte por mais de 20 anos. “É com muito orgulho que estou aqui nessa casa, mas o ambiente é daqueles do Partido Progressista, ao qual integrei por mais de 20 anos”.