Demorou, mas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prestou seu depoimento a agentes da Polícia Federal (PF) no inquérito que apura uma suposta tentativa de interferência política do chefe do Executivo na corporação com o intuito de blindar familiares e aliados de investigações.
Segundo informações da “TV Globo”, apesar de a notícia ter vindo à tona nesta quinta-feira (04), Bolsonaro foi ouvido na noite de ontem. Ainda conforme a emissora carioca, o presidente teria respondido todas as perguntas que foram feitas a ele.
A oitiva foi uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas estava demorando para acontecer. Isso porque Bolsonaro e a Advocacia Geral da União (AGU) alegavam que o chefe do Executivo tinha o direito de prestar declarações por escrito.
Por conta disso, o STF chegou a marcar um julgamento no plenário, onde todos os ministros iriam analisar se a decisão de Alexandre de Moraes de ordenar a oitiva presencial era ou não constitucional. Todavia, horas antes do julgamento começar, Bolsonaro anunciou que iria comparecer, de corpo presente, quando fosse chamado.
Depois do anúncio, Alexandre de Moraes determinou que o presidente da república fosse ouvido pelos investigadores da Polícia Federal em 30 dias, o que aconteceu na quarta, logo após Bolsonaro ter voltado de sua viagem internacional – ele estava na Itália acompanhando a COP26, da Organização das Nações Unidas (ONU).
Investigação contra Bolsonaro
As investigações sobre uma possível interferência do presidente da PF foram iniciadas em maio de 2020, depois que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro acusou Bolsonaro de tentar pressioná-lo.
Segundo Sergio Moro, essa pressão aconteceu porque o chefe do Executivo queria que ele substituísse o então diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, pelo diretor da Abin, Alexandre Ramagem, um nome próximo da família presidencial.
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