Um dia após a Polícia Federal fazer uma operação de busca e apreensão na casa de Jair Bolsonaro, o governo brasileiro enviou um ofício à embaixada americana. Na nota, há um pedido de suspensão do visto americano do ex-presidente, investigado por suposta fraude nos cartões de vacinação próprio e de sua filha, Laura, de 12 anos. A solicitação partiu de um deputado federal da base governista.
Além disso, os vistos de Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, e de Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente, também podem ser suspensos. Após a solicitação da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), a embaixada afirmou que os dados de vistos americanos são sigilosos.
Entenda o que aconteceu no caso Bolsonaro
Uma investigação da Polícia Federal busca entender se Bolsonaro teve participação em um esquema de fraude nos cartões de vacinação. Segundo as investigações, até agora, os cartões fraudados seriam o do próprio ex-presidente, além de sua filha Laura. Em suas redes sociais, a companheira do ex-presidente confirmou que foi vacinada. Ela postou uma foto com o médico que aplicou a dose, além de uma foto do cartão de vacinação.
Por outro lado, as informações de Mauro Cid Barbosa, da mulher e da filha dele também teriam sido alteradas. Segundo o relatório da PF, o ex-presidente Bolsonaro tinha conhecimento do esquema. Em suas redes sociais, Michelle Bolsonaro afirmou que apenas ela se vacinou contra a Covid e que Bolsonaro e a filha não teriam tomado a vacina.
A alteração nas informações do ConectSUS teriam acontecido no dia 21 de dezembro do ano passado, pouco antes da ida aos Estados Unidos. Segundo relatório da Polícia Federal, as informações alteradas foram retiradas do sistema no dia 27 de dezembro, ou seja, 6 dias depois. Para a entidade, a medida seria necessária para que Bolsonaro pudesse passar pela imigração na chegada aos Estados Unidos.
Hoje, a defesa de Bolsonaro afirmou que não haveria motivo para a fraude.
Documento à embaixada aponta suspeita de fraude
Em nota enviada à embaixada americana, a deputada Érika Hilton (PSOL-SP) afirma que “os possíveis crimes cometidos por Bolsonaro não geram efeitos jurídicos apenas no Brasil“. Isso porque, em caso de confirmação da fraude, o ex-presidente também teria fraudado normas e leis americanas. Dessa forma, isso pode gerar uma crise diplomática entre as duas nações.
Por conta disso, a deputada federal pediu para que, em caso de confirmação da fraude de Bolsonaro, haja a “avaliação da suspensão de eventuais vistos válidos no território sob jurisdição americana dos envolvidos nas possíveis práticas delituosas”.
Dessa forma, até agora, as investigações buscam entender as motivações das trocas das informações e buscam esclarecimentos com os envolvidos nos fatos. Na última quarta-feira, 3, Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, foi preso.
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