Uma estratégia para proteger seus filhos. Esse foi o motivo que fez o presidente Jair Bolsonaro (PL) conceder indulto ao deputado federal Daniel Silveira (PTB). A afirmação consta em uma reportagem do jornal “O Globo” deste sábado (23). De acordo com o jornal, a manobra já havia sido pensada há semanas, bem antes de o Supremo Tribunal Federal (STF ter decidido pela condenação do parlamentar por ataques à democracia e às instituições.
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Ainda conforme “O Globo”, o esboço do decreto, inclusive, já estava pronto antes do julgamento, que aconteceu na quarta-feira (20). Isso porque a medida que protegeu o Daniel Silveira também seria utilizada caso as investigações em andamento chegassem até os filhos do presidente.
No inquérito que condenou Daniel Silveira, o “filho 02” de Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro, é citado por sua suposta atuação em grupos organizados para propagar ataques à democracia e mensagens de ódio nas redes sociais. Por outro lado, o deputado Eduardo Bolsonaro, o “filho 03”, foi alvo da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das fake news no Congresso.
Daniel Silveira foi condenado por ministros do STF a oito anos e nove meses de prisão e à perda do mandato e dos direitos políticos por igual período. Todavia, o decreto de Bolsonaro anula a pena de prisão. Importante destacar que, segundo juristas, o indulto do chefe do Executivo livra Daniel Silveira da prisão, mas não afasta as demais decisões do STF, como a cassação e a inelegibilidade do parlamentar.
Em entrevista ao “O Globo”, André Pereira César, cientista político, afirmou que o intuito de Bolsonaro é fortalecer o radicalismo da ala ideológica de seus eleitores. “O presidente fez um importante sinal à sua base eleitoral, reforçando os laços com o eleitor bolsonarista”, relatou ele, completando que “as eleições se avizinham e Bolsonaro e seu entorno precisam movimentar a massa, para que ela cresça o suficiente ao ponto de garantir a reeleição”.
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