Uma pressão política foi o que teria feito o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) barrar, em 2020, a exoneração de Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, suspeito de ter pedido propina para a aquisição de vacinas.
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De acordo com as informações da rádio “CBN”, o pedido para que Roberto Dias fosse retirado da pasta partiu do até então ministro da Saúde Eduardo Pazuello e aconteceu em outubro do ano passado.
Segundo a rádio, o despacho chegou a ser enviado para a Casa Civil. Todavia, conforme revelaram alguns auxiliares de Bolsonaro na Saúde, o próprio chefe do Executivo barrou a decisão depois de uma suposta pressão do ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
A exoneração de Roberto Dias veio somente após dez meses do pedido de Pazuello e depois que o jornal “Folha de S.Paulo” revelou que o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde teria tentado requisitar propina para a compra de vacinas contra a Covid-19.
Na denúncia, feita por Luiz Dominguetti, representante da empresa Davati Medical Supply, consta que Roberto Dias teria pedido uma propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato para compra de imunizante da AstraZeneca.
Ao todo, a empresa Davati buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com uma proposta feita de US$ 3,5 por cada (depois disso passou a US$ 15,5).
O nome de Roberto Dias já havia sido citado antes, durante o depoimento do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que foi quem divulgou pela primeira vez sobre as suspeitas de irregularidade no contrato de compra da vacina Covaxin.
“Eu acho assim, nada ali acontece se o Roberto não quiser. Tudo o que aconteceu, inclusive a pressão sobre o meu irmão, é sob a aprovação dele. Sem ele, ninguém faz nada. Isso é uma das únicas certezas que tenho”, afirmou o Luis Miranda na oportunidade.
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