O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi condenado, nesta sexta-feira (30), pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Com a decisão, a Corte declarou Bolsonaro inelegível por oito anos, até 2030 – a defesa ainda pode recorrer da decisão.
Defesa de Bolsonaro ainda vai estudar melhor estratégia para recurso contra inelegibilidade
Esse julgamento começou em 22 de junho e terminou nesta sexta após quatro sessões. O ex-presidente foi condenado por conta de uma reunião com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, convocado por ele mesmo. Na ocasião, o até então presidente atacou, sem nenhuma prova, o sistema eleitoral brasileiro. Não suficiente, o encontro, além de ter sido transmitido nas redes sociais de Bolsonaro, também foi veiculado na TV oficial do governo.
Essa decisão não tem repercutido apenas no Brasil. Isso porque a imprensa internacional tem dado destaque ao tema. Nos Estados Unidos, por exemplo, o “The New York Times” afirmou que a condenação de Bolsonaro é um “baque considerável na extrema-direita”.
O “The Washington Post”, também dos Estados Unidos, afirma que a decisão de deixar Bolsonaro inelegível vira de ponta cabeça a carreira política do ex-presidente, “possivelmente eliminando as chances de ele voltar ao poder”. Por outro lado, o também americano “The Wall Street Journal” destaca que a decisão que deixa Bolsonaro fora das eleições até 2030 “pode deixar ainda mais tenso o cenário político na maior nação da América Latina”.
Na Europa, a “BBC”, da Inglaterra, destacou que Bolsonaro foi punido após colocar em cheque a lisura do processo eleitoral brasileiro sem apresentar provas. Além disso, o veículo lembra que o ex-presidente resistiu em reconhecer publicamente sua derrota. O também britânico “Financial Times” diz que a decretação de inelegibilidade “acaba com as esperanças do populista de direita voltar rapidamente ao poder” e o jornal espanhol “El País” classifica o ex-presidente de “ultradireitista”, lembrando ainda que ele enfrenta outros processos judiciais.
Ainda na Europa, a TV francesa “France24” chamou a decisão de “um raio na política brasileira”, enquanto o “Corriere Della Serra”, da Itália, relembrou o histórico do ex-presidente: “Bolsonaro fez declarações falsas e distorcidas sobre o sistema eleitoral”.
Por fim, na América do Sul, o jornal argentino “La Nación” afirmou que a decisão abre “uma corrida pela liderança da direita no Brasil, por enquanto sem alternativas claras” e o “El Comercio”, do Peru, destacou que Bolsonaro é o “líder de extrema-direita” e ainda tem esperanças de que o Congresso aprove um projeto de lei de anistia para condenados por crimes eleitorais em 2022.
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