O presidente Jair Bolsonaro terminou 2020 com o título de Personalidade do Ano 2020 por seu papel na promoção do crime organizado e da corrupção. A nomeação é do Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), um consórcio internacional que reúne jornalistas investigativos e centros de mídia independente.
O relatório destaca que o chefe do Executivo brasileiro foi eleito após o escândalo Lava-Jato como ‘candidato anticorrupção’. “Bolsonaro se cercou de figuras corruptas, usou propaganda para promover sua agenda populista, minou o sistema de justiça e travou uma guerra destrutiva contra a Amazônia”, descreveu o documento.
De acordo com a OCCRP, Bolsonaro venceu por pouco dois outros líderes populistas. Por exemplo, os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Turquia, Recep Erdogan, pelo duvidoso prêmio.
“Ambos os finalistas também lucraram com a propaganda, minaram as instituições democráticas em seus países, politizaram seus sistemas de justiça, rejeitaram acordos multilaterais, recompensaram círculos internos corruptos e moveram seus países da lei e da ordem democráticas para a autocracia”. O oligarca ucraniano Ihor Kolomoisky completou a lista dos finalistas mais corruptos, conforme a instituição.
Segundo uma das participantes do painel que elegeu o presidente brasileiro como o mais corrupto de 2020, o populismo é o tema central do ano. “São todos populistas causando grandes danos aos seus países, regiões e ao mundo. Infelizmente, eles são apoiados por muitos, o que é a chave do populismo”, afirmou a pesquisadora Louise Shelley.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o líder das Filipinas, Rodrigo Duterte, também já venceram a premiação.
‘Bolsonaro, o mais corrupto’: justificativas
A organização destaca a denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, no caso das “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando ele era deputado estadual. Além disso, ressalta as investigações contra o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), também por um suposto esquema de divisão de salários de assessores.
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O envolvimento de Fabrício Queiroz não escapou da análise dos pesquisadores, assim como o depósito na conta bancária da primeira-dama Michelle Bolsonaro.
“A família de Bolsonaro e seu círculo íntimo parecem estar envolvidos em uma conspiração criminosa em andamento e têm sido regularmente acusados de roubar do povo,”disse Drew Sullivan, editor do OCCRP e juiz do painel.
Além disso, a organização levou em consideração as queimadas na Amazônia, que tiveram recorde de destruição em 2020, segundo dados oficiais. “Bolsonaro abriu grandes extensões da Amazônia para a exploração por aqueles que já haviam se beneficiado da destruição contínua da Amazônia, que ocorreu por causa de escolhas políticas corruptas feitas por Bolsonaro. Ele encorajou e alimentou os incêndios devastadores”, afirmou o jurado Rawan Damen, diretor do Arab Reporters for Investigative Journalism.