Durante conversa junto a apoiadores nesta quinta-feira, 14, o presidente da República, Jair Bolsonaro lembrou sobre a possibilidade de o Brasil enfrentar um desabastecimento. A possibilidade pode ser justificada pela falta de fertilizantes e material para a produção das embalagens.
O chefe do Executivo declarou que o agronegócio já foi informado sobre esta possibilidade, o qual já aumentou o valor do insumo em quase 100%. A justificativa apresentada está ligada ao fato de que já faltam embalagens e matérias-primas, portanto, a tendência é seguir neste caminho, ainda que negativo.
Em menção ao ex-presidente norte-americano Donald Trump, Bolsonaro disse que não é possível depender de apenas um país. “Se quiserem fechar a torneira, acabou para nós. Não tem amizade entre os países, se querem ganhar mais é você que se vire”, completou Bolsonaro.
O presidente também ressaltou que a inflação brasileira reflete os impactos globais, sendo que tantos outros países enfrentam situações similares. É o caso de países europeus como o Reino Unido, que tem enfrentado dificuldades quanto à falta de alimentos, alta da inflação, entre outros problemas que têm gerado reclamações em território brasileiro.
Um levantamento recente feito pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aponta o Brasil como um dos países que compõem o G20 com a situação mais crítica no que compete à inflação. A estimativa é para que a inflação do Brasil chegue a 7,2% até o final do ano, ficando atrás apenas da Argentina com 47% e da Turquia com 17,8%.
No mês de agosto, junto ao Reino Unido e a França, foi registrada a maior alta no indicador. No mês em questão os britânicos observaram a alta de 0,9%, enquanto no Brasil e na França o salto foi de 0,7%. No acumulado de 12 meses, a inflação aumentou de 9% em julho para 9,7% em agosto no Brasil. Já na França, o índice subiu de 1,2% para 1,9%. E no Reino Unido o percentual avançou de 2,1% para 3%.
Vale lembrar que a possibilidade de desabastecimento no Brasil em 2022 já havia sido alertada pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina. No entendimento dela, a causa seria a falta de fertilizantes, capaz de impactar diretamente a economia global.
Ela descreveu a situação como a “tempestade perfeita” devido a alta do dólar junto a problemas na produção em fábricas da China e em sanções econômicas internacionais na Bielorrússia, os principais fornecedores do insumo.
“A pandemia desarrumou a economia mundial. Nós temos aí muitas variáveis que nos preocupam e a gente vem acompanhando isso muito de perto. Fertilizantes para esse ano e para a ”safrinha”, que começa a partir do fim de janeiro, isso está praticamente garantido porque os produtores já se anteciparam, já compraram e fizeram seus pedidos”, declarou.