Nesta terça-feira (16), o presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido), durante um evento no Bahrein, na Ásia, afirmou que seu governo pretende reajustar os salários dos servidores públicos, fala que já havia sido dita por ele na segunda (15), durante sua passagem por Dubai.
Todavia, o grande problema da declaração do presidente, revela a jornalista “Ana Flor”, da “Globo News”, é que há pelo menos três meses, técnicos do Ministério da Economia estão alertando o presidente de que não existe espaço no Orçamento para que haja qualquer reajuste dos vencimentos dos servidores federais.
Ainda conforme ela, os especialistas do Ministério da Economia ressaltaram para o presidente que esse reajuste não seria possível nem mesmo com a abertura do espaço fiscal promovida pela eventual aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios.
Segundo os cálculos feitos pela área econômica do governo, um reajuste de 5% nos vencimentos dos servidores públicos, por exemplo, representaria um gasto de cerca de R$ 15 bilhões a mais nas contas federais.
Por outro lado, um percentual que tenha o intuito de repor a inflação de 2021, próxima de 10%, custaria o mesmo que saia dos cofres públicos para o custeio do antigo Bolsa Família, programa este que foi substituído pelo Auxílio Brasil.
Bolsonaro sabe disso
Ainda conforme Ana Flor, apesar das declarações de Bolsonaro, que aparenta não saber da falta de condição financeira do governo, fontes da pasta afirmaram que os números foram mostrados a ele recentemente durante uma reunião no Planalto.
Na ocasião, explica a jornalista, os técnicos explicaram para o presidente que o Auxílio Brasil, que terá o valor de R$ 400, consumiria cerca de R$ 50 bilhões do Orçamento. Além disso, eles também relataram que o que sobrará desta quantia, terá que ser usada para cobrir as despesas afetadas pela inflação mais alta, o que acabará elevando a correção de benefícios como os previdenciários e o salário mínimo, por exemplo.
Em busca de popularidade
De acordo com as informações, Bolsonaro tem insistido no reajuste porque acredita que não pode passar seus quatro anos de mandato sem aumentar os vencimentos dos servidores. Por conta disso, a intenção do presidente é incluir esse reajuste na PEC dos Precatórios.
Segundo Ana Flor, o intuito do presidente é angariar apoio dos servidores. A ideia, inclusive, tem sido vista com bons olhos por parlamentares apoiadores do presidente, que acreditam que a promessa de reajuste de salários pode ajudar na aprovação da PEC, prestes a passar por mudanças no Senado.
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