Em entrevista concedida na Praça dos Três Poderes, em Brasília, Jair Bolsonaro, afirmou que o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, possui “carta branca” para realizar qualquer alteração que julgue necessária na Petrobras. A declaração foi realizada após ser questionado duas vezes, durante a entrevista, sobre a troca no comando da petroleira.
“O Sachsida e todos os ministros, desde o início, tem carta branca, sem exceção. Obviamente, qualquer mexida vai conversar comigo. Mas confio 100% no Sachsida e tenho certeza de que ele será um bom ministro. Assim como o Bento (ex-ministro da pasta). Mas, por uma questão pessoal, pediu para sair”, disse o Presidente da República, Jair Bolsonaro.
De acordo com informações de integrantes do alto escalão do Ministério de Minas e Energia, desde que Adolfo Sachsida assumiu a pasta, há rumores que haja uma troca do comando da Petrobras, ainda que o atual presidente, José Mauro Ferreira tenha assumido o comando da petroleira no mês passado.
Ainda, de acordo com uma fonte da CNN, a troca será necessária: “para haver total sintonia com a equipe, será necessário trocar o atual presidente da Petrobras. Isso é fato”. Nesse sentido, o cenário político em relação à Petrobras deverá seguir conturbado no curto prazo.
Bolsonaro nega tabelamento de preços
Ao ser questionado sobre o tabelamento de preços dos combustíveis, Bolsonaro foi categórico ao afirmar que “ninguém vai tabelar preço de combustível nem intervir na Petrobras”. Contudo, em seguida, o Presidente da República ponderou sobre a função social que a petroleira deve ter perante o país.
“O que eu acho que a Petrobras poderia fazer, tem um artigo constitucional que fala da finalidade social da Petrobras. Não está sendo levado em conta. A paridade internacional só existe no Brasil”, disse Bolsonaro durante o passeio de moto realizado em Brasília.
A paridade internacional a que Bolsonaro se refere é o PPI (Preço de Paridade de Importação), uma política de preços utilizada pela estatal desde o governo de Michel Temer, que vincula o preço de venda do petróleo produzido pela Petrobras ao valor externo.
Com isso, Bolsonaro também levantou a possibilidade de haver mudança sobre essa política. Segundo ele, “o PPI não é uma lei, é uma resolução de Conselho, se o conselho achar que tem de mudar, muda, mas a população como um todo não pode sofrer essa barbaridade porque atrelado ao preço do combustível está a inflação e o poder aquisitivo da população está lá embaixo”.
O preço dos combustíveis tem sido um importante problema para o governo Bolsonaro, visto que tem afetado toda a população, havendo reclamações até mesmo de apoiadores do governo. A divulgação do lucro da petroleira atenuou ainda mais a discussão, visto que é o maior lucro para um trimestre na história da Petrobras.
Para conter o aumento, o governo buscou o STF para forçar os governadores a diminuírem a alíquota de ICMS, onde o ministro André Mendonça suspendeu decisão liminar (provisória) cláusulas de uma norma contrária à lei que instituiu uma alíquota única de ICMS sobre o óleo diesel para todos os estados.