Na visão do presidente da república, Jair Bolsonaro (PL), sua condução ao longo da pandemia da Covid-19 foi bem-sucedida. “Eu não errei em nenhuma [oportunidade] durante a pandemia”, afirmou o chefe do Executivo.
A fala de Bolsonaro, feita em Jucurutu, no Rio Grande do Norte, contrasta com a opinião de especialistas, que afirmam que a condução do governo federal é uma das responsáveis pelo alto número de mortes por conta da Covid-19.
Segundo os dados oficias, desde o início da pandemia, em março de 2020, foram mais de 630 mil brasileiros vítimas da doença, o que faz com que o Brasil seja o segundo em número de mortos em decorrência do vírus, atrás somente dos Estados Unidos.
Essa desconfiança sobre a condução da gestão do governo federal é tão grande que, durante o ano passado, foi realizada a CPI da Covid-19, uma comissão organizada no Senado e responsável por investigar as ações e omissões da gestão de Bolsonaro no decorrer da pandemia – o relatório final terminou com 81 indiciados, incluindo o chefe do Executivo.
Apesar disso, sempre que perguntado, o presidente tem se eximido de qualquer culpa e dito que todas as suas atitudes durante a pandemia foram assertivas. Além disso, costumeiramente, ele também afirma que a culpa pelas mortes é dos governadores.
Isso porque, segundo o presidente, ele foi “proibido” pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de tomar qualquer atitude durante a crise sanitária que o Brasil vem passando – a Corte já disse que essas afirmações são mentirosas.
Bolsonaro no Rio Grande do Norte
A autoavaliação do governo foi feita por Bolsonaro durante sua passagem pelo Rio Grande do Norte, onde o presidente esteve para acompanhar as obras da barragem de Oiticica e a chegada das águas da transposição do Rio São Francisco ao estado.
Quando comentou sobre a barragem, que será o primeiro reservatório a receber a água da transposição no estado, devendo atender por volta de 330 mil pessoas de oito cidades potiguares, Bolsonaro afirmou que existe interesses políticos do governo do Rio Grande do Norte, responsável pela construção, que impedem o final das obras.
“A gente lamenta não podermos ainda fechar a barragem para encorpar e realmente represar água, porque virou uma questão política por parte da governadora. É dar atenção a minorias que lutam pelo direito a não barragens. O que é isso? Por causa de 10 ou 15 famílias, isso não é concluído”, disse.
“Espero que em breve possamos pegar essas pessoas e alocar em um local adequado para elas. Não pode 15 pessoas prejudicar mais de 300 mil que vivem na região do Seridó”, completou Bolsonaro fazendo alusão às famílias que vivem no entorno da barragem e estão impedindo o prosseguimento das obras, pois se recusam a sair da volta da estrutura.
Em nota, a Secretaria de Recursos Hídricos do Estado afirmou que são mais de quatro mil pessoas e não 15 como disse Bolsonaro. Além disso, a pasta também revelou que “um acordo com as famílias já foi concluído e elas serão transferidas nos próximos dias para novos imóveis na agrovila de Jucurutu”.
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