Nesta segunda-feira (26), o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) disse acreditar não ser justo que ele “atacou a democracia” ao comentar sobre o sistema eleitoral brasileiro durante reunião com embaixadores corrida no Palácio da Alvorada, em julho do ano passado, época em que ainda era presidente da República. O caso vem sendo julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pode deixá-lo inelegível por oito anos.
“É justo cassar os direitos políticos de alguém que reuniu embaixadores? Não é justo falar em atacar à democracia. Aperfeiçoamento, buscar colocar camadas de proteção, é bom para a democracia”, disse Bolsonaro, após reunião feita com deputados aliados na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp)
O presidente disse ainda que espera “um julgamento justo” no TSE, afirmando que os ataques realizados às urnas eletrônicas em 2022 eram “críticas ou sugestões de aperfeiçoamento”, evitando falar sobre um possível sucessor na política, caso venha de fato a ficar inelegível. “Não podemos aceitar passivamente no Brasil que possíveis críticas ou sugestões de aperfeiçoamento do sistema eleitoral seja tido como ataque à democracia” disse o Jair Bolsonaro. O ex-presidente disse também que espera que o julgamento siga a jurisprudência de 2017 e não aceite novas provas.
Julgamento contra Bolsonaro será retomado nesta terça-feira
O julgamento que pode tornar o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, inelegível, será retomada nesta terça-feira (27), quando terá a apresentação do voto do relator da ação, o ministro Benedito Gonçalves. Em seguida, serão declarados os votos dos ministros Raul Araújo Filho, Floriano de Azevedo Marques, Ramon Tavares, ministra Cármen Lúcia (vice-presidente do TSE), ministro Nunes Marques e, por fim, Alexandre de Moraes, presidente do tribunal. Após isso, uma outra sessão é esperada na próxima quinta-feira (29).
Em uma entrevista concedida à Rádio Bandeirantes no último domingo (25), Bolsonaro disse que, independente do resultado, “não será o fim do mundo” e aproveitou para chamar o julgamento de “politiqueiro”.
“É um julgamento politiqueiro, né? Não era nem para ter recepcionado a ação por ter se reunido com embaixadores. Pô, é brincadeira! E tem uma jurisprudência de 2017, do julgamento da chapa Dilma-Temer, que simplesmente deixou de existir agora… para esse novo julgamento. Esse julgamento meu. Então é… a gente vai ver o que acontece. Eu não vou adiantar o resultado aqui, mas não será o fim do mundo, não!”, disse o ex-líder do Executivo.
Ex-presidente foi recepcionado na Alesp com gritos de “inelegível”
Ao chegar a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o ex-presidente Bolsonaro foi recepcionado aos gritos de “inelegível”. Nas redes sociais de alguns congressistas, como a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP), foram postadas imagens da ocasião. A deputada tratou a recepção ao ex-chefe do Executivo como “calorosa e merecida”.
O comparecimento de Bolsonaro a Alesp faz parte de um roteiro de viagens organizado pelo PL buscando fortalecer o partido nas disputas municipais de 2024. O objetivo do partido é eleger até 1500 prefeitos no pleito do ano que vem e chegar a 1 milhão de inscritos no partido.