Jair Bolsonaro (PL), presidente da República, disse algo que jamais havia dito até então em sua administração: que existe corrupção em seu governo. De acordo com o chefe do Executivo, existem “casos isolados” de crimes do tipo em seu governo. A fala do presidente, que foi feita na noite desta quarta-feira (29) durante o evento da Confederação Nacional da Indústria, veio seguida da alegação de que não há uma corrupção “endêmica”.
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Antes da declaração inédita, Bolsonaro gostava de se orgulhar de que não havia casos de corrupção em seu governo. Isso, mesmo com suspeitas, por exemplo, envolvendo o superfaturamento na compra de vacinas contra a Covid-19 e também de denúncias sobre supostos desvios de dinheiro feito a partir das emendas do relator.
Todavia, depois do escândalo do Ministério da Educação, que culminou na prisão do ex-ministro da pasta, Milton Ribeiro, acusado de tráfico de influência e corrupção passiva, em um esquema que negociava propina em troca da liberação de verbas do órgão, Bolsonaro resolveu mudar seu discurso.
Nesta quarta, o presidente afirmou que sempre que “pipocam” casos de corrupção, o governo busca uma solução. “Bem como o combate à corrupção. Isso nós estamos muito bem no governo. Não temos nenhuma corrupção endêmica no governo. Tem casos isolados que pipocam e a gente busca solução para isso”, afirmou o chefe do Executivo.
Nos últimos dias, Bolsonaro tem sido acusado de ter tentado interferir nas investigações que apuram o escândalo do MEC. Isso porque interceptações da Polícia Federal (PF) descobriram que Milton Ribeiro conversou com sua filha e, na ocasião, disse que foi informado pelo chefe do Executivo sobre a operação que estava prestes a acontecer.
Por conta da conversa, que ainda não foi comentada por Bolsonaro, e também devido às suspeitas de corrupção no Ministério da Educação, a oposição tem tentado a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MEC. Para o presidente, a abertura do colegiado tem como foco somente atacar o seu governo.
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