Após pouco mais de um mês depois da derrota nas eleições presidenciais, o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), fez sua primeira declaração para apoiadores. O discurso foi realizado no Palácio da Alvorada, residência oficial de Bolsonaro, localizado em Brasília. Desde o fim do segundo turno das eleições presidenciais, foram quase 40 dias sem fala a apoiadores. “Estou há praticamente 40 dias calado. Dói. Dói na alma”, afirmou Bolsonaro.
Foi um pronunciamento de quase 20 minutos para um grupo de mais de 200 pessoas. Durante o pronunciamento, Bolsonaro tocou em diversos temas de seus quatro anos de governo como, liberdade de expressão, o papel das Forças Armadas, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante seu pronunciamento, Bolsonaro afirmou que “tudo dará certo” em um “momento oportuno”. Ainda, o chefe do executivo afirmou que deve lealdade ao povo brasileiro e que nunca havia visto uma população ir às ruas buscando que um presidente permaneça na cadeira de presidente. “Eu só vi o povo ir à rua para tirar presidente”, afirmou Jair Bolsonaro.
Bolsonaro disse que se responsabilizava pelos próprios erros, contudo, solicitou aos seus apoiadores que não criticasse, pois ele não tem “certeza absoluta” do que estava acontecendo. “Se algo deu errado, é por que eu perdi a minha liderança”, disse Bolsonaro. “Não vou falar do outro lado político, mas qual o futuro do Brasil? O que aconteceu? Como chegou a esse ponto? Demorarmos a acordar?”, completou.
Bolsonaro afirma que “chefia” as Forças Armadas
Durante seu discurso, Bolsonaro disse ser “o chefe supremo das Forças Armadas”, mantendo o tom utilizado antes das eleições presidenciais. “A missão de cada um de nós aqui não é criticar, é unir. Muitas vezes você tem informações que não procedem, e pelo cansaço, pela angústia, pelo momento, passam a criticar. Tenho certeza entre as minhas funções garantidas na Constituição, é ser o chefe supremo das Forças Armadas”, disse Bolsonaro à apoiadores.
“As Forças Armadas são essenciais em qualquer país do mundo. Sempre disse, ao longo desses 4 anos, que as Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo. As Forças Armadas, tenho certeza, estão unidas. As Forças Armadas devem, assim como eu, lealdade ao nosso povo, respeito à Constituição, e são um dos grandes responsáveis pela nossa liberdade”, disse o presidente da República.
Em relação ao silêncio durante este período pós-eleições, Bolsonaro disse que agiu dessa forma, senão “tudo seria deturpado”, completando dizendo que a liberdade “é mais importante que a própria vida”. O presidente também deixou em aberto críticas sobre o período eleitoral.
“Todos nós sabemos o que aconteceu ao longo desses quatro anos, ao longo do período eleitoral, e o que foi anunciado pelo TSE. Nós estamos lutando. Quando eu falo ‘nós’, sou eu e vocês. Pela liberdade até daqueles que nos criticam. O Brasil não precisa de mais leis, o Brasil precisa que suas leis sejam efetivamente cumpridas”, disse Bolsonaro.
Desde o dia 26 de novembro, Bolsonaro participou de quatro cerimônias do exército, sendo elas: uma formatura da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), duas promoções de oficiais em Brasília e, ontem, uma formatura envolvendo cadetes da Aeronáutica, em Pirassununga.