Para 76% dos brasileiros, o presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido), deve sofrer impeachment caso venha a descumprir alguma ordem da Justiça. O percentual foi revelado neste sábado (18) pelo Datafolha, do jornal “Folha de S.Paulo”.
Ao longo da semana, o instituto tem apresentado dados que mostram que a situação do chefe do Executivo perante à opinião pública atingi, atualmente, seu pior nível desde a eleição. Todavia, para 21% dos entrevistados, mesmo que desrespeite as decisões da Justiça, ele não deve sofrer impeachment – 3% afirmaram não saber.
De acordo com o Datafolha, para chegar neste resultado, foram ouvidos 3.667 eleitores de 13 a 15 de setembro, em 190 cidades. Ainda segundo o instituto, a margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou menos e a confiabilidade da pesquisa é de 95%.
Bolsonaro ameaçou descumprir ordens
O tópico desobedecer a Justiça é novo no levantamento do Datafolha e aparece após Bolsonaro, durante as manifestações do feriado de 7 de Setembro, no ato em São Paulo, dizer em alto e bom som que não cumpriria mais as decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
“Dizer a vocês que, qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais”, afirmou o presidente.
Por conta de sua fala, levando em conta a Constituição brasileira, que diz que ninguém pode descumprir decisão judicial, Bolsonaro estaria, de acordo com Juristas especializados no assunto, cometendo crime de responsabilidade.
Todavia, dois dias após ter dado a polêmica declaração, o presidente voltou atrás e, em um tom mais moderado, publicou a famosa “Declaração à Nação”. Na ocasião, depois de ter chamado Alexandre de Moraes de canalha e afirmado que não confia no sistema eleitoral brasileiro, Bolsonaro disse que nunca teve “intenção de agredir quaisquer dos poderes”.
Por fim, o Datafolha explicou que, segundo o levantamento, o público que mais anseia pela abertura de impeachment caso o presidente descumpra as decisões são os mais jovens (86% dos jovens de 16 a 24 anos), os mais pobres (82%) e aqueles que reprovam Bolsonaro (94%).
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