O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a tocar no assunto voto impresso e ainda acusou três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de estarem articulando a derrubada da proposta em tramitação na Câmara dos Deputados que prevê a impressão do comprovante do voto das urnas eletrônicas.
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“Tem uma articulação de três ministros do Supremo para não ter o voto auditável. Se não tiver, eles vão ter que apresentar uma maneira de termos eleições limpas. Se não tiver, vamos ter problemas no ano que vem. Eu estou me antecipando a problemas no ano que vem”, afirmou Bolsonaro em tom de ameaça, no começo da manhã desta quinta-feira (01).
Para o chefe do Executivo, com o voto auditável será possível ter a certeza em quem a pessoa votou e, consequentemente, em quem vai ser eleito. “Como está aí, a fraude está escancarada e não vai ser só para presidente não, vai ser para governador, senador, fraude. Então se tem três do Supremo articulando para não ter o voto impresso, porque que eles estão preocupados com a judicialização”, emendou.
Em outro momento, Bolsonaro afirmou que, se o Congresso promulgar a proposta de emenda à Constituição, “vai ter voto impresso” na eleição do ano que vem.
Apesar da menção, o STF não se pronunciou sobre o caso, todavia, tudo leva a crer os três ministros citados por Bolsonaro são os que compõem o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sendo eles o presidente da Corte eleitoral, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e também Alexandre de Moraes. Todos eles já manifestaram publicamente que são contra a proposta do voto impresso.
Recentemente, além dos ministros do STF, partidos se manifestaram contra o voto impresso. Ao todo foram 11 partidos políticos, dentre eles alguns que apoiam o governo, que assinaram um manifesto contra à iniciativa tão defendida pelo chefe do Executivo, que já aparece atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas intenções de votos para a próxima eleição.
Fraudes ditas por Bolsonaro nunca foram provas
Bolsonaro sempre que tem oportunidade coloca em dúvida a lisura da votação eletrônica no Brasil. Nesse sentido, em diversas ocasiões, ele afirma que até mesmo a eleição que ele venceu, em 2018, teve fraude. Isso porque ele alega que teria vencido o pleito no primeiro turno.
Apesar das acusações constantes de Bolsonaro contra o sistema de votação, nenhuma provada por ele, desde a adoção da urna eletrônica em 1996 nunca foi comprovada qualquer fraude nas eleições realizadas desde então. Por fim, importante destacar que, de acordo com o TSE, diferentemente do que afirma o presidente, a votação eletrônica é sim auditável.
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