Para o presidente Jair Bolsonaro ganhar um segundo mandato, ele precisa de mais mulheres para apoiá-lo e rápido. No entanto, um homem conhecido por sua masculinidade não mostrou nenhuma estratégia para fazê-lo.
Entenda o caso
Com a eleição geral a apenas três meses de distância, algumas pesquisas mostram que apenas uma em cada cinco mulheres votará em Bolsonaro, ex-capitão do Exército, de fala dura, pró-armas e motociclistas. Se isso for verdade em 2 de outubro, Bolsonaro pode perder para seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem uma partida no segundo turno, tendo em vista que quase metade das brasileiras disseram que votariam no adversário do presidente.
Mulheres e Bolsonaro
Mais da metade das mulheres pesquisadas disseram que nunca votariam em um líder de extrema-direita, independentemente da classe social, um indicador tradicional de preferência de voto. Importante destacar que, o cenário que Bolsonaro se encontra é muito diferente do de 2018. Mesmo quando o líder de extrema-esquerda realizava piadas sobre ter uma filha em um momento de fraqueza, bem como, seus comentários sobre uma legisladora, afirmando que ela era feia demais para ser estuprada.
Desse modo, muitas mulheres, principalmente das classes sociais mais altas, apoiaram sua campanha. Como resultado, dias antes da vitória do ex-deputado há quatro anos, pesquisas mostravam mulheres aproximadamente divididas entre Bolsonaro e seu rival de esquerda.
Desaprovação do público feminino
Bolsonaro perdeu o apoio das mulheres, principalmente em parte ao seu manejo da pandemia e sua insistência em duvidar sobre a eficácia das vacinas, apesar de sua estrita oposição ao seu uso em crianças. Importante destacar que o presidente ainda não está vacinado contra a COVID-19, em um momento onde o país se orgulha de sua campanha de vacinação bem sucedida, apesar de ter o segundo maior número de mortes por COVID-19 no mundo.
De acordo com Esther Solano, socióloga da Universidade Federal de São Paulo, “as mulheres são sempre impactadas pela ideia de cuidado, porque é a mulher que cuida. Bolsonaro não cuidar das pessoas durante a pandemia teve um impacto muito mais negativo entre a população feminina”. “Ele mostra um tipo de masculinidade que é muito tóxica, muito forte, muito violenta. Assim como há homens que ficaram fascinados por esse tipo de masculinidade, do homem agressivo que fala de uma forma politicamente incorreta, que é intolerante, que demonstra uma certa força, muitas mulheres se sentem agredidas por isso”, acrescentou.
Buscando virar o jogo
Analistas especulam que a campanha de Bolsonaro para virar o jogo com o público feminino, poderia contar com sua esposa Michelle, visando aparições públicas e comerciais de TV. Michelle é conhecida por ser uma cristã evangélica, fluente em linguagem de sinais e uma dona de casa carinhosa, o que pode suavizar as arestas de Bolsonaro e atrair potenciais eleitores do sexo feminino.