Com o aumento da tensão eleitoral e a derrota no primeiro turno, Jair Messias Bolsonaro, do PL, recua sobre discursos, principalmente de que ele elevaria o número de ministros no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em contrapartida, em uma declaração em canal no Youtube, o presidente disse que voltaria ao assunto após as eleições.
Nesse sentido, o presidente tenta se afastar do discurso de que estuda aumentar o número de ministros do STF de 11 para 16 porque a proposta leva a perda de votos. Parte do eleitorado não concorda com afirmações que causem atritos com outros poderes.
A declaração inclusive vai contra o gosto da equipe do presidente que avalia serem necessários acessos ao centro para aumentar a votação do candidato. Além disso, o candidato passou os últimos três dias sofrendo críticas de juristas e da imprensa por causa da proposta. Chegou a ser comparado pelo empresário João Amoêdo, do Novo, a Hugo Chávez, ditador morto da Venezuela e figura que o candidato tanto critica.
Situações desta natureza colaboram para manter a rejeição ao presidente próxima dos 50%, o que complica qualquer chance de vitória. Na pesquisa Ipec divulgada na segunda-feira (10), o candidato aparece com 48% de rejeição.
Motivos para o recuo de Bolsonaro
O presidente Bolsonaro prepara um discurso pronto para explicar sua mudança em relação ao número de ministros do STF. Nesse sentido, poderá dizer que o assunto nunca fez parte da pauta do governo federal. Vai acrescentar que a proposta não consta em seu plano de governo para um eventual segundo mandato.
Além destes argumentos, o presidente dirá que nenhuma discussão neste sentido é travada dentro de sua campanha. Caso Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, use o tema para atacar durante o debate eleitoral do dia 16 de Outubro, domingo, Bolsonaro repetirá os argumentos citados acima, falará que ditadura é coisa de esquerda e citará Daniel Ortega, ditador na Nicarágua, e Fidel Castro, ditador morto de Cuba.
Além disso, a consequência principal de sugerir a possibilidade de aumentar o número de ministros do STF é a reação do Judiciário. Em entrevista na sexta-feira da semana passada, dia 7 de Outubro, Bolsonaro admitiu que a proposta não deixaria a Corte contente.
Ex-integrante do STF, o ministro aposentado Celso de Mello divulgou nota em que classificou a proposta como “perversa” e acrescentou que ela não tem base jurídica. “Subjacente a essa modificação, visa-se, na realidade, perversa e inconstitucional finalidade de controlar o STF.
O ministro aposentado Marco Aurélio Mello relacionou a possibilidade ao “saudosismo” da ditadura. Cabe ressaltar que esta crítica partiu de um eleitor do próprio presidente.