O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes alfinetou o presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido), no domingo (14), durante entrevista ao canal “CNN Brasil”, afirmando que ele não era sincero ao fazer discursos antipolítica durante as eleições.
De acordo com o ministro, Bolsonaro só conseguiu estabilidade em seu governo depois que passou a colocar em prática o modelo de negociações que ele tanto condenava durante as eleições. “Quando assumiu lá atrás [a Presidência], [Bolsonaro] disse que não repetiria o modelo do chamado presidencialismo de coalizão, e acabou optando por apoio parlamentar a partir das bancadas temáticas”, disse Gilmar Mendes.
Todavia, para o Ministro, Bolsonaro percebeu que cada bancada “apresentava dúvidas” no momento em que votava com o governo em temas que poderiam afetar os interesses do grupo que representam. Esse fato causou derrotas à gestão do chefe do Executivo, que enfrentou dificuldades para aprovar demandas de seu interesse.
“Foi isso que acho que o presidente acabou aprendendo com as derrotas que sofreu. Nos vetos, na falta de apoio, acabou mudando para o apoio político tradicional e ganhando algum tipo de estabilidade num governo que estava bastante instável”, pontuou Gilmar Mendes.
Nesse sentido, o ministro, que está em Portugal participando de eventos que reúnem lideranças políticas de diversas alas como a do PT, do centrão e do próprio governo, afirma que “é muito difícil” alguém que repete sete ou oito mandatos fazer um discurso sincero da antipolítica.
De acordo com Gilmar Mendes, a retórica antipolítica pode ser atraente para ouvidos “sem a devida experiência”. No entanto, ele relata, “é preciso cautela com as pessoas que exploram esse discurso”. Antes de ser presidente, Bolsonaro foi vereador do Rio de Janeiro (1989 a 1991) e deputado federal por sete mandatos consecutivos (1991 a 2018).
Gilmar Mendes fala sobre Moro na política
Por fim, o ministro também alfinetou Sergio Moro (Podemos), iminente candidato à presidência da república. Para ele, o ex-ministro acertou em ingressar na carreira política, pois “já atuava como político enquanto ainda ocupava seu cargo na magistratura”.
“Certamente terá de prestar contas do que fez no passado, mas isso é uma outra questão. É a demonstração de que talvez já fizesse política antes, com uma outra camisa, e agora estará no campo certo, fazendo política a partir da vestimenta de um partido e, portanto, jogando no campo adequado. Boa sorte”, disse Gilmar Mendes.
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