Não faz muito tempo que o presidente Jair Bolsonaro estava sendo esmagado nas pesquisas para as eleições de outubro, atrás de seu rival, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, motivo pelo qual parecia incontestável sua derrota nas urnas. Todavia, a política de extrema-direita parece estar dando uma reviravolta, tanto que os analistas políticos agora dizem que ele ainda pode ganhar a disputa presidencial, se reelegendo para um novo mandato de quatro anos.
De volta ao passado
O político apelidado de “Trump Tropical” terminou 2021 aquém do esperado, derrotado nas pesquisas de opinião pela inflação, pobreza, desemprego e sua gestão caótica em relação a Covid-19. Seu rival direto, o ex-presidente Lula, que liderou o Brasil de 2003 a 2010, aparece com 48% de intenção de voto no primeiro turno, contra a 22% para Bolsonaro, de acordo com um estudo feito pelo Datafolha.
Apesar disso, Bolsonaro vem avançando, mesmo que em marcha lenta nas pesquisas, colocando uma dúvidas nos opositores do atual governo em relação a uma vitória nas urnas de forma esmagadora.
O que Bolsonaro tem feito?
Não foi apenas um motivo que colocou Bolsonaro novamente na disputa presidencial, mas uma série de mudanças políticas que vêm acontecendo durante este ano. Entre elas podemos citar:
- Desistência do ex-juiz Sergio Moro na disputa presidencial em março, deixando os eleitores de Moro, principalmente de centro-direita, sem escolha a não ser seguir o candidato com o qual mais se identificam ideologicamente;
- Apoio dos eleitores anti-PT, determinados para não deixar o partido de Lula voltar ao poder.
Além disso, o presidente viaja por todo o país, lançando obras públicas, tocando para a torcida da multidão, cortejando eleitores no Nordeste tradicionalmente pró-PT e gastando dinheiro público prodigamente. Ele tem sido frequentemente fotografado por apoiadores da linha dura liderando comícios de motocicletas ou andando a cavalo, acenando para a multidão como Vladimir Putin fez. Ele e seu círculo íntimo também têm armas extremamente poderosas nas mídias sociais.
O Congresso em Foco informou, por exemplo, que o filho do senador de Bolsonaro, Flávio, acumulou mais de 75.000 novos seguidores no Twitter, sendo 62% deles bots. Essas contas automatizadas imitam as atividades de pessoas reais, uma tática frequentemente usada para espalhar desinformação ou fazer interações polarizadoras se tornarem virais. O desenrolar das coisas também dependerá de Lula. O ex-presidente cometeu recentemente uma série de gafes, fazendo comentários controversos sobre o aborto, a classe média e a polícia.
Em suma, mesmo que a posição nacional do presidente seja irrecuperável no próximo ano, a nome de Bolsonaro permanecerá forte nos níveis local e estadual, com seus filhos, ocupando cargos eleitos após 2022. Mais do que um fim em si mesmo, uma vitória de Lula nas urnas marcaria o início de um árduo esforço para imaginar como deveria ser um Brasil mais justo, igualitário e solidário.