Em entrevista concedida nesta quinta-feira (23) ao jornal Folha de S. Paulo, na coluna de Mônica Bergamo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que foi traído pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Vale lembrar que, até então, Zambelli havia sido fiel escudeira de Bolsonaro, promovendo seu lema “Deus, Pátria, Família e Liberdade” e impulsionando em sua tentativa de reeleição.
Além disso, ela continuou apoiando Bolsonaro mesmo após sua derrota, encaminhando mensagens de incentivo aos caminhoneiros bolsonaristas que bloquearam estradas em todo o Brasil por não aceitarem os resultados das urnas.
Afirmação de Bolsonaro sobre traição de Zambelli
Segundo Bolsonaro, a desconfiança já havia sido testada após a derrota para Lula (PT) no ano passado, mas ele disse ter se convencido da traição quando o ministro Alexandre de Moraes liberou o acesso de Zambelli nas redes sociais. Vale lembrar que, por decisão do ministro, a conta de Carla Zambelli estava bloqueada desde novembro passado por supostas fake news visando urnas eletrônicas. Com a liberação, Bolsonaro acredita que a deputada fez um acordo com Moraes para voltar às redes e fugir da ameaça de prisão.
É importante ressaltar que, a deputada Carla Zambelli chegou a admitir que havia abandonado pautas prezadas pelo bolsonarismo, como o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e as denúncias de fraude nas urnas, após ter acesso às suas redes sociais. Questionada se ainda acredita que houve fraude nas urnas, a deputada disse que não poderia responder sob pena de ter que pagar R$ 20 mil, afirmando que o assunto está “encerrado”. “Se ainda tem algo a ser feito, talvez seja voltar a falar sobre voto impresso”, complementou.
Carla Zambelli se pronuncia
A Folha de S. Paulo também procurou Carla Zambelli. Em sua entrevista, a deputada disse que sua prioridade agora não é mais defender Bolsonaro, mas atacar o presidente Lula. “Eu tinha o papel de defender Bolsonaro e o governo, qualquer um que os atacasse tinha que virar um alvo meu. Nesta legislatura, Bolsonaro não é mais presidente, então nosso alvo tem que ser Lula, seus feitos e desfeitos”, disse.
Além disso, a deputada afirmou atacar o Supremo para “proteger” o Bolsonaro e admitiu que partiu dela a iniciativa de lançar uma ponte de diálogo com Alexandre de Moraes para inclusive protegê-lo do PT. “Liguei [para Alexandre de Moraes] e mandei um e-mail. Alguns dias depois, minha rede foi devolvida, pode ter sido um gesto. Estou à disposição dele para conversar. Porque ele vai ser um alvo do PT daqui a pouco. O PT não vai se contentar em indicar somente os dois ministros que vão se aposentar”, afirmou ela na entrevista.
Críticas a Bolsonaro
Em entrevista, a deputada federal Carla Zambelli, afirmou que o ex-presidente deveria ter sido claro ao pedir o fim dos atos nos quartéis. “Discordo da maneira como ele [Bolsonaro] levou aquele tempo todo [para falar depois da eleição] e o silêncio que teve. Ele tinha que organizar a oposição, orientar a gente, ele tinha 28 anos de Câmara”, comenta Zambelli. Além disso, a deputada acredita que Bolsonaro deveria estar no Brasil para liderar a oposição. “Passar um tempo fora para pensar no que vai fazer é legítimo. Mas concordo que ele deveria estar aqui para liderar a oposição. A gente teria mais condições, capacidade e força”, afirmou.