Em entrevista à revista Veja, publicada nesta sexta-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro negou ter razões para ser preso, mas alegou, sem mostrar evidências, que indivíduos “importantes” já cogitavam encarcerá-lo antes do término do mandato, numa espécie de “prisão light”, segundo ele, “apenas para carimbá-lo com a pecha de ex-presidiário”.
Bolsonaro é alvo de pelo menos 24 processos e investigações — entre eles, apurações sobre possíveis instigadores e mentores dos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro; sobre as joias árabes trazidas pela comitiva presidencial da Arábia Saudita; e sobre a atuação de um grupo que teria adulterado dados de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
“Para ter algum motivo que justificasse isso, eu precisaria ter feito pelo menos 10% do que ele fez. E eu fiz 0%. Algumas pessoas importantes, não vou dizer os nomes, já diziam antes de acabar o governo que querem me prender. Uma prisão light, apenas para me carimbar com a pecha de ex-presidiário”, disse o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.
O ex-presidente também comentou sobre o número de depoimentos que tem concedido à Polícia Federal. “O pessoal está vindo para cima de mim com lupa. Eu esperava perseguição, mas não dessa maneira. Na terça-feira, nem tinha deixado o prédio da PF ainda e a cópia do meu depoimento já estava na televisão. É um esculacho. Todo o meu entorno é monitorado desde 2021. Quebraram os sigilos do coronel Cid para quê? Para chegar a mim”, argumentou Bolsonaro.
Para Bolsonaro, “alguém fez besteira” no caso dos certificados falsos de vacinação
Segundo o ex-presidente da República, “alguém fez besteira” no caso da emissão dos certificados falsos de vacinação. Nesse sentido, ele defendeu o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, preso este mês por suspeita de participar no esquema. “Quem indicou o Cid foi o comando do Exército da época, mas ele me serviu muito bem. Nunca tive nenhum motivo para desconfiar dele, e não quero acusá-lo de nada. Eu tenho um carinho muito especial por ele. É filho de um general da minha turma, considero um filho”, apontou Bolsonaro.
Nesse sentido, o ex-presidente também chegou a elogiar Mauro Cid. “Ele é um excelente oficial do Exército, jovem ainda, foi das forças especiais, comandos, paraquedistas, tem dado o melhor de si. Peço a Deus que não tenha errado. E cada um siga a sua vida”, disse o ex-presidente. Ele também afirmou que não tem conversado com Mauro Cid e que o caso corre em segredo de Justiça.
Por fim, Bolsonaro apontou que não teme que investigadores encontrem “algo comprometedor” nas conversas com Mauro Cid, mesmo após a conclusão da perícia em celulares que foram apreendidos. “Quando se fala em comprometedor, as pessoas pensam logo em dinheiro, em alguma coisa ilícita. Zero, zero. Isso não vai ter. Agora, tem troca de “zaps”, em linguagem de “zap”, tem palavrão. Há certamente conversas que envolvem segredos de estado. Vazar isso, como tem sido feito, é muito grave”, concluiu.