Nesta quinta-feira (29), o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu o julgamento da análise do processo do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), acusado de abusar do poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Após a suspensão, Jair Bolsonaro, que até o momento, conta com 3 ministros votando por sua inelegibilidade e 1 contra, afirmou que se sente completamente injustiçado e espera que Deus toque o coração do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE.
Voto dos ministros
Benedito Gonçalves
O ministro Benedito Gonçalves, relator da ação, votou pela inelegibilidade de Bolsonaro, afirmando haver identificado o uso inadequado do poder político e dos meios de comunicação.
Em sua análise, as falas do ex-presidente durante a reunião com embaixadores foi um “flerte perigoso com o golpismo” e por essa razão determinou que o réu deveria ser incapaz de concorrer nos próximos oito anos, a contar do pleito, realizado em 2022.
Raul Araújo
Sendo o primeiro a votar após o relator, o ministro Raul Araújo, abriu uma divergência, argumentando que Aije, do PDT, não tinha fundamento. Para Araújo, o discurso do ex-presidente aos embaixadores não teve a magnitude necessária para afundar a isonomia entre os possíveis candidatos à presidência em 2022, bem como não teve um efeito adverso sobre a quantidade de pessoas que compareceram às urnas eletrônicas.
Floriano de Azevedo Marques
O ministro Floriano de Azevedo Marques, que acompanhou o relator, dissecou a fala do ex-presidente no evento com embaixadores e identificou quatro falas, todas com implicações eleitorais, que descreviam o uso indevido de autoridade e uso indevido dos meios de comunicação.
André Ramos Tavares
Na mesma linha do relator, o ministro André Ramos Tavares votou pela inelegibilidade de Bolsonaro. Segundo o ministro, os canais de comunicação foram utilizados inadequadamente para promover a campanha de Bolsonaro à reeleição.
Além disso, de acordo com André Ramos Tavares, não deve ser esquecido que o réu se beneficiou da liberdade de expressão para expressar ideias comprovadamente infundadas e absolutamente falsas que desrespeitaram e atacaram a democracia.
Falas de Bolsonaro
Ao responder sobre suas expectativas a respeito do julgamento, o ex-presidente afirmou:
Quem sabe o Alexandre de Moraes tenha um momento de Deus tocar o coração dele. Até o momento não tocou em momento nenhum.
Vale destacar que, quando ainda era presidente, Bolsonaro protagonizou vários debates com Moraes, chegando a chamá-lo de “canalha” e “vagabundo”, ameaçando descumprir as decisões do ministro no Supremo Tribunal Federal. Além disso, quando questionado sobre o cenário, Bolsonaro disse:
Não gostaria de deixar de ser elegível, nem que venha ser vereador no Rio de Janeiro. Já conversei com meu filho, não quero pegar a vaga dele, não. Eu quero é participar. Posso no futuro, caso seja elegível, disputar ao Senado, com muita chance de ir para aquela Casa. Agora, um cartão vermelho porque reuni os embaixadores? Qual a acusação? Abuso de poder político? Pensei que fosse econômico.
Alexandre de Moraes é um dos três magistrados ainda a votar, sendo os outros dois os ministros Cármen Lúcia e Kassio Nunes Marques, este último indicado por Bolsonaro. Em suma, com 3 votos a 1, resta apenas um voto para a maioria por inelegibilidade.