O grupo de vítimas de assédio sexual na Caixa Econômica Federal, presidido por Pedro Guimarães, se posicionou após discurso do presidente Jair Bolsonaro, que disse não haver declarações convincentes sobre abusos por parte dos diretores do banco.
Entenda o caso
Em junho, Pedro Guimarães renunciou ao comando da Caixa, o maior banco público do Brasil, depois que várias mulheres o acusaram de assédio sexual após Guimarães ter feito contato físico indesejado e comentários ofensivos e violentos durante o horário de trabalho. Apesar disso, Guimarães negou qualquer irregularidade, dizendo que foi vítima de uma avalanche de informações falsas. No entanto, ele disse que não poderia ser alvo de ressentimentos políticos para prejudicar instituições ou o governo em ano eleitoral e, portanto, se afastaria e procuraria limpar seu nome.
Importante destacar que Guimarães era o principal executivo da Caixa desde janeiro de 2019, quando Bolsonaro assumiu. Ele apareceu várias vezes nas transmissões ao vivo semanais de redes sociais de Bolsonaro.
Declaração de Bolsonaro
Em entrevista ao portal Metrópoles, Bolsonaro comentou: “Agora, não vi nenhum depoimento mais contundente de qualquer mulher. Vi depoimentos de mulheres que sugeriam que isso poderia ter acontecido. Está sendo investigado também”. “Desconheço a vida particular dele. Eu o conheço enquanto presidente da Caixa, fez um excelente trabalho lá dentro. Agora comigo tudo é potencializado. Virou um incêndio enorme em poucas horas. Chamei, conversei com ele e optei pelo afastamento, que foi prontamente aceito por ele, que não contestou. E ele está respondendo”, complementou.
Vítimas reagem
Em nota, as advogadas que representam as vítimas afirmam que a fala de Bolsonaro é estarrecedora ao dizer que “não sejam contundentes atos relatados e atribuídos ao presidente de uma instituição do porte da Caixa, que deveria ter instrumentos de controle e governança eficientes, consistentes em violações profundas aos corpos, às imagens e à intimidade de servidoras do órgão”.
Além disso, as vítimas de assédio dizem, ainda, “ser motivo de tristeza que condutas como apalpar seios e nádegas, beijar e cheirar pescoços e cabelos, convocar funcionárias até seus aposentos em hotéis sob pretextos profissionais diversos e recebê-las em trajes íntimos, além de constantes convites para ‘massagens’, ‘banhos de piscina’ ou idas a ‘saunas’ sejam naturalizados e tidos, repetimos, como ‘não contundentes’ pelo Chefe do Poder Executivo“.
Por fim, elas disseram que não iriam se calar apesar do posicionamento de Bolsonaro. “Assim como em suas duras e desprezíveis palavras, fomos desacreditadas e relegadas à nossa própria sorte pela instituição que deveria garantir nossa integridade. Mas não nos calamos e não iremos nos calar”. Em um podcast, Bolsonaro disse que não havia falas de depoimentos contundentes de que houve algum tipo de abuso cometido pelos diretores do banco público. Depois da divulgação dos casos, o Ministério Público Federal passou a investigar as denúncias, assim como o Ministério Público do Trabalho.